Arquitetura
“Nobel” da arquitetura, Pritzker 2018 premia indiano com projetos de impacto social
O indiano de 90 anos é um dos arquitetos mais influentes da Ásia. Bashi já trabalhou com Le Corbusier e Louis Kahn. Foto: Divulgação Pritzker / courtesy of VSF
Setenta anos de carreira. Colaborador dos mestres Le Corbusier e Louis Kahn. Arquitetura poética, mas funcional. Mais de 100 construções de forte impacto social. Esses são destaques da obra de Balkrishna Doshi, arquiteto indiano vencedor do Pritzker 2018. Essa é a 40ª edição da premiação, que é considerada o Nobel da arquitetura pela sua importância na área.
O anúncio foi feito hoje (7) em Chicago, Estados Unidos, por Tom Pritzker, presidente da Fundação Hyatt, responsável pelo prêmio. Segundo ele, o trabalho de Doshi na arquitetura “afeta a humanidade de forma profundamente pessoal, sensível e significativa”. O arquiteto de 90 anos receberá a honraria em uma cerimônia a ser celebrada no dia 16 de maio, em Toronto, no Canadá.
Doshi estudou em Mumbai, na J. J. School of Architecture. Em seguida, trabalhou em Paris com Le Corbusier durante quatro anos, o que afetou diretamente sua forma de ver a arquitetura.
No anúncio publicado pela fundação, o arquiteto inclusive dedicou a vitória a Le Corbusier, “seu guru”. “Seus ensinamentos me levaram a descobrir uma nova forma de expressão contemporânea para criar ambientes inclusivos e sustentáveis”, afirma. “[O prêmio] reafirma minha crença de que ‘a vida celebra quando um estilo de vida e a arquitetura se fundem‘”.
Sete décadas de influência
Os trabalhos de Doshi costumam ter profundo impacto social. Sua marca registrada é a busca por explorar a relação entre a arquitetura e as necessidades fundamentais da vida humana, trazendo elementos que se conectam com o contexto em que a obra está inserida e com as tradições sociais do lugar — tudo isso com um toque modernista. “Suas soluções levam em consideração as dimensões social, ambiental e econômica, e ainda assim sua arquitetura está totalmente comprometida com a sustentabilidade”, afirma o júri do prêmio.
Um dos destaques de sua carreira é o conjunto de habitações de baixo custo Aranya, construído em 1989 na cidade de Indore, na Índia. Com capacidade para abrigar 80 mil pessoas, as 6,5 mil casas são todas interligadas por pátios e caminhos internos, tal como a tradição residencial do país. As moradias vão de unidades modestas, com apenas um cômodo, a casas mais espaçosas, acomodando pessoas de baixa ou média renda.
Sem tendências
Segundo os jurados do Prietzker, a arquitetura de Doshi não segue tendências nem é chamativa, pelo contrário: tem um profundo senso de responsabilidade e um desejo de contribuir com seu país e seu povo com uma arquitetura autêntica e de qualidade.
O prêmio anual é escolhido por um júri, composto por 10 especialistas em arquitetura de sete países diferentes. Esse foi o primeiro ano que um brasileiro esteve presente entre os jurados: André Aranha Corrêa do Lago, que é embaixador do Brasil no Japão.
Outros trabalhos importantes de Doshi são: o Centro para Planejamento e Tecnologia Ambiental (CEPT University), finalizado em 2012 em Ahmedabad; o Memorial Tagore (Ahmedabad, 1967) e os complexos residenciais Vidhyadhar Nagar Masterplan e Urban Design (Jaipur, 1984).