Arquitetura

Ícone da arquitetura, Edifício Copan terá fachada transformada em bandeira LGBT

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
16/05/2019 21:42
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Simulação de como ficará a fachada iluminada. Imagem: Reprodução/A Bandeira

Um dos ícones arquitetônicos mais emblemáticos do país, o Edifício Copan terá sua fachada transformada no próximo mês de junho. O projeto A Bandeira no Copan pretende iluminá-la com as cores da flâmula LGBT para celebrar os 50 anos da Revolta de Stonewall, como são conhecidas as manifestações da comunidade ocorridas em Nova York em 1969 – tidas como as mais importantes e que deram origem à luta pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos.
Concebido pelo arquiteto goianiense Matheus Vaz, o projeto deverá ser realizado a partir do dia 19 de junho, com duração prevista de dez dias. Neste período, a fachada Ipiranga do edifício será iluminada em diferentes horários, somando 69 horas, em referência ao ano em que a revolta ocorreu. Nos dias 23 e 28, datas da 23ª edição da Parada LGBT de São Paulo e na qual será comemorado o cinquentenário, respectivamente, ela permanecerá acesa durante toda a noite até o amanhecer.
Para que seja possível executá-lo, foi aberta uma campanha de financiamento coletivo, cuja arrecadação segue até o próximo dia 31 de maio. Além de custear a instalação das luzes, ela terá 10% de seu valor destinado em proporções idênticas ao fundo de reforma e manutenção do Edifício Copan e à Casa 1, que atende a comunidade LGBT (ou outras instituições indicadas por ela).
“O projeto irá instalar lâmpadas um pouco acima dos brises da fachada do Copan, de modo que a ilumine sem que sejam vistas por quem olha o prédio do nível térreo. A fachada tem 23 divisões verticais, e nossa ideia é que cada uma receba duas colunas com lâmpadas, totalizando 4.232 delas”, conta Matheus. A forma sinuosa do prédio também deverá contribuir para o efeito estético da bandeira.
Esta será a segunda vez que o arquiteto levará as cores da comunidade LGBT para a fachada de um edifício. No ano passado, ele executou a proposta em um prédio abandonado no centro de Goiânia. Além de chamar atenção para a causa LGBT, o projeto tem como objetivo “jogar luz sobre a região central da cidade por meio de uma experiência estética que convide as pessoas a frequentarem o centro de São Paulo”, explica Matheus.
Foto: reprodução/A Bandeira
Foto: reprodução/A Bandeira

O Copan

Projetado por Oscar Niemeyer e Carlos Alberto Cerqueira Lemos nos anos 1950, o Edifício Copan tem uma das maiores estruturas de concreto armado de um prédio residencial do país. Com 32 pavimentos residenciais e 120 mil metros de área construída, ele soma 1.160 apartamentos e tem 115 m de altura,  o que faz da construção um ícone da paisagem paulista.
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons
A realização do projeto “A Bandeira no Copan” conta com o apoio e passou pela aprovação dos moradores do edifício. “[A intervenção] foi aprovada em assembleia e não houve nenhuma contestação. Espero que tenhamos sucesso e que ela realmente represente algo para a Parada LGBT e a sociedade de forma geral”, aponta Affonso Celso Prazeres de Oliveira, síndico e administrador do Copan.
Ele acrescenta ainda que este tipo de iniciativa é interessante para o edifício pois, além de voltar as atenções para a construção, contribui para a obtenção de recursos necessários à sua manutenção e restauro. “A porta está aberta”, reforça Oliveira.
A execução do projeto ainda será apresentada, e deve ser aprovada, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), uma vez que o Edifício Copan é tombado pelo município paulista.

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