Arquitetura

A história do Edifício Anita, o queridinho do Centro

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
07/03/2017 22:55
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Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Um prédio que testemunhou o crescimento de Curitiba e que, mesmo “engolido” pela verticalidade dos empreendimentos vizinhos, destaca-se em meio à região central. Este é o Edifício Anita, construção que se tornou ponto turístico da capital ao ter sua fachada encoberta por trepadeiras e uma casa construída em seu terraço.
Tais características fazem com que a construção mantenha um ar nostálgico e seja facilmente reconhecida por quem circula pela esquina das ruas Cândido Lopes, Ermelino de Leão e Carlos de Carvalho, onde está localizada. O que pouca gente sabe é que estes elementos passaram a fazer parte da edificação quase que por acaso e que a família do construtor morou ali até os anos 2000.
A obra
O Edifício Anita remete ao estilo art déco, como explica Guilherme de Macedo, sócio-proprietário do Lona Arquitetos, escritório que funciona no prédio. “Ele é uma construção simplificada, na qual é possível perceber a verticalização da volumetria na fachada externa, como se as esquadrias tivessem um sentido, o que era característico desse estilo”, acrescenta.
Foto do prédio no fim dos anos 1950, logo depois da conclusão. Foto: Reprodução/Acervo familiar
Foto do prédio no fim dos anos 1950, logo depois da conclusão. Foto: Reprodução/Acervo familiar
A construção foi uma empreitada do jornalista Frederico Faria de Oliveira, que chegou a ser chefe de redação desta Gazeta do Povo. Em meados dos anos 1940, ele adquiriu o imóvel no qual havia uma casa de um pavimento, que foi demolida para dar lugar ao prédio.
A esquina onde fica o Anita, antes da construção do prédio.<br>Foto: Reprodução / Acervo Familiar
A esquina onde fica o Anita, antes da construção do prédio.<br>Foto: Reprodução / Acervo Familiar
A obra começou em seguida e foi concluída no final de 1950, quando foram entregues as lojas térreas e os dois andares residenciais do edifício, batizado em homenagem à esposa de Frederico, Anita Cechelero de Oliveira.
Escritório Lona Arquitetos funciona dentro do Edifício Anita. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Escritório Lona Arquitetos funciona dentro do Edifício Anita. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Não se sabe, ao certo, o que teria motivado o jornalista a investir na construção, mas os herdeiros da família acreditam que ele desejava deixar um apartamento para cada uma das filhas, Eleonora de Oliveira Kuschick e Ieda de Oliveira Gomes, além de garantir a renda oriunda do aluguel das lojas.
Uma vez entregue, o prédio passou a ser a residência da família Oliveira, que ocupava o segundo andar do edifício e utilizava o primeiro como uma espécie de depósito. Em 1957, Frederico faleceu antes de ver a icônica casinha do prédio ser construída por um de seus genros, o arquiteto Guenther Kuschick, que se mudou para o Anita depois de se casar com Eleonora, em 1961. A outra filha de Anita e Frederico, Ieda, havia se casado em 1956, quando deixou o prédio para morar no Rio de Janeiro.
Uma casinha no terraço
Quem olha o Edifício Anita da rua, percebe que no terraço há uma construção. Ao subir até lá, encontra-se uma pequena casa, feita no início dos anos 1990. Na época, ao consertar um problema de infiltração na parte superior do prédio, que contava com lavanderia e banheiro, Guenther decidiu construir um escritório e uma área de lazer, como lembram os herdeiros.
Foto: Rodrigo Felix Leal/Gazeta do Povo
Foto: Rodrigo Felix Leal/Gazeta do Povo
Como gostava muito de cozinhar, o arquiteto projetou uma ampla cozinha, com direito a fogão a lenha e churrasqueira, além de um deck com banheira de hidromassagem para que os netos pudessem se divertir. O ar de casa de campo da construção se deve ao gosto do profissional por este estilo, visível em diferentes elementos da casa. Depois de a família ter desocupado o prédio, a casa assumiu essa vocação de vez. Foi alugada para residência, e hoje virou escritório e espaço de evento.
A trepadeira que encobre a fachada, por sua vez, foi plantada por volta dos anos 2000 por um dos inquilinos comerciais do Anita. A planta começou a escalar as paredes e passou a ser uma marca registrada do prédio.

Veja outras fotos do Edifício Anita

A casa no topo do Edifício Anita foi construída no início da década de 1990 pelo arquiteto Guenther Kuschick. Fotos: André Rodrigues/Gazeta do Povo
A casa no topo do Edifício Anita foi construída no início da década de 1990 pelo arquiteto Guenther Kuschick. Fotos: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Foto interna da casa contruída sobre o Edifício Anita.  Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto interna da casa contruída sobre o Edifício Anita. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto interna da casa contruída sobre o Edifício Anita.  Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto interna da casa contruída sobre o Edifício Anita. Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

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