Arquitetura
Garagem reformada vira estúdio de criatividade e galeria de arte
Projeto de reforma e interiores do Estúdio Campetti em uma antiga garagem garantiu conforto, funcionalidade e beleza para o escritório com ares de galeria. Fotos: Marcelo Stammer / Divulgação
Uma garagem que virou casa, mas sem ser reformada foi o ponto de partida para o projeto dos arquitetos Márcia e Tiago Campetti, do Estúdio Campetti. Eles transformaram o ambiente de 95 metros quadrados no novo espaço de trabalho da empresa, mas com um conceito que vai além de um escritório de arquitetura. Há espaço para exposições de arte e fotografia e a linguagem tem pegada industrial contemporânea.
O estúdio fica no “subsolo” de uma antiga casa construída por imigrantes alemães, o acesso foi a única intervenção externa que o imóvel recebeu e um pórtico revestido de cimento transformou a fachada.
Reforma
O espaço é dividido em seis ambientes, além da circulação. “O imóvel localiza-se a meio nível abaixo do solo, nestes casos não é fácil criar ambientes plenamente agradáveis e o projeto exigiu muito planejamento”, lembra Tiago.
Foi realizada uma grande reformulação do espaço seguindo três diretrizes: rebaixo do piso no sentido longitudinal, garantindo livre acesso a todos os ambientes, ampliação das aberturas, criando ventilações cruzadas e aumento dos níveis de iluminação natural com criação de espaços comuns que pudessem oferecer convívio e eventos entre profissionais e artistas.
Originalmente o espaço era mais fechado, por ser aterrado era suscetível à umidade. As aberturas executadas nas paredes externas e a remoção de divisórias internas criou um eficiente sistema de ventilação cruzada. As aberturas das extremidades são cobertas e podem ficar abertas mesmo em dias chuvosos, oferecendo controle de temperatura e ventilação no ambiente.
Materiais
“Exploramos uma grande quantidade de materiais, buscando o máximo de cada um e provando que a sofisticação esta na forma como o produto é aplicado. No estúdio encontram-se tijolos aparentes com diferentes superfícies de mármore polido, carpetes e cimento queimado”, elenca o arquiteto.
No acesso um deck construído em tijolo, emoldurado por um pórtico de placas revestidas com cimento. O lounge tem piso de cimento queimado na área de permanência e granito bruto na circulação, além de revestimento em pastilha de madeiras no teto. O mobiliário mescla a madeira, apoiada sobre suportes de vergalhão que servem como apoio para a vegetação.
A sala de projeto segue a linha bem industrial. Como o teto é baixo para criar um forro, forma utilizados conduítes metálicos e eletrocalhas para alimentar os computadores e criar uma iluminação ampla, difusa e cheia de movimento. O armário de andaime é um elemento que de certa forma traz a lembrança do canteiro de obras para dentro do escritório onde se projeta.
Todo o mobiliário foi desenhado pelos arquitetos, com exceção das cadeiras Eames DAW do lounge, as DSW da cozinha e o sofá Chesterfield verde.
A cozinha foi aberta para garantir mais luz e integração ao ambiente. O destaque desta área é o piso formado por duas chapas inteiras de Silestone laranja em oposição ao monocromático dos móveis pretos e do revestimento das paredes.
A sala de reunião traz o convidado a um ambiente mais íntimo e requintado, o piso de mármore claro destaca a mesa, também de mármore, que surge do piso como uma escultura em um movimento geométrico e não termina até alcançar o teto. As paredes que o envolvem são de tijolos maciços aparentes e discreto painel de MDF com frisos iluminados.
No lavabo duas paredes foram descascadas, tirando a antiga cerâmica e revelando o tijolo original da obra. As outras duas paredes receberam revestimento tridimensional e espelhos bronze. A pia foi feita de mármore esculpido.
Como o pé direito era um condicionante muito forte do projeto, a iluminação foi pensada de forma mais periférica e indireta. Como no hall de acesso onde apenas a obra do artista Celestino Dimas recebe pontos de led por baixo e dois spots ao alto iluminam o desenho e a vegetação sobre o deck.
No lounge as vigas são iluminadas com fita de led e servem de suporte para a eletrocalha que dá suporte aos spots que iluminam as fotografias da exposição dos fotógrafos Arnaldo Belotto, Guilherme da Costa e André Rodrigues.