974

Arquitetura

Estádio mais icônico da Copa do Mundo do Catar dá adeus ao mundial

HAUS
06/12/2022 14:37
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Estádio 974 será desmontado a partir de hoje, no Catar. | Reprodução/Fifa

A Copa do Mundo ainda está na fase de oitavas de final, mas algumas de suas estruturas já começam a dar adeus a este que, sem dúvida, foi um dos mundiais mais singulares de todos os tempos.
O estádio 974, construído na região portuária de Ras Abu Abboud, começa a ser desmontado (isso mesmo, você não leu errado) hoje, um dia após a partida realizada ali em que a seleção brasileira garantiu sua vaga nas quartas de final sobre a Coréia do Sul.
Considerado o estádio mais sustentável de todas as Copas, o Estádio 974 foi erguido todo com contêineres e aço reciclável e apresenta uma arquitetura e estética inovadoras, assinada pelo escritório de arquitetura espanhol Fenwick Iribarren. Participaram, também, os engenheiros estruturais alemães da Schlaich Bergermann Partner e a consultoria de engenharia inglesa Hilson Moran.
A escolha dos materiais, inclusive, dialoga com a localização do 974, uma vez que ele é o único das estruturas montadas para o mundial à beira-mar, referenciando a proximidade com o porto e o comércio marítimo do país. Além disso, o 974 contabiliza o número exato de contêineres reaproveitados na obra e remete, ainda, ao código telefônico do Catar.
Localização à beira-mar e soluções arquitetônicas dispensaram o uso de ar-condicionado no estádio.
Localização à beira-mar e soluções arquitetônicas dispensaram o uso de ar-condicionado no estádio.

Modular e sustentável

Há quem estranhe o jeitão inusitado. Há quem reclame do calor dentro de suas instalações. E há muitos que não perderam a oportunidade de admirar os feitos da engenharia e da arquitetura e de registrar sua presença em frente ao monumental Estádio 974.
O que não se pode negar, no entanto, é o caráter sustentável e alinhado aos novos tempos que o escritório Fenwick Iribarren trouxe para o estádio, que compartilha a atenção com outros assinados por gigantes da arquitetura mundial, como o Estádio Al Janoub, por Zaha Hadid Architects + AECOM, e o Estádio Lusail, por Foster + Partners e Populous, para citar alguns.
A começar pela construção em módulos, que barateia os custos de obra (os valores não foram revelados pela Fifa) e permite que suas partes possam ser desmontadas e reaproveitadas, como ocorre a partir de hoje. A previsão inicial é a de que telhados e arquibancadas sejam utilizadas em parques públicos. Outras informações dão conta de que toda a estrutura do estádio seguirá para o Uruguai, onde será remontado, caso o país seja o escolhido como sede da Copa do Mundo de 2030.
Construção modular com contêineres trouxe sustentabilidade à obra.
Construção modular com contêineres trouxe sustentabilidade à obra.
A reutilização dos contêineres, que há tempos ganha espaço como solução estrutural que traz celeridade às obras, de pequeno a grande porte, é outra característica louvável. Isso porque, além de dar um novo uso ao material que seria descartado passada a vida útil deles no transporte marítimo, o aço é um material reciclável, que pode ser transformado em uma infinidade de outros produtos.
Por fim, o projeto dispensou o uso de aparelhos de ar-condicionado (sim, mesmo em um país desértico no qual as temperaturas são elevadas). A solução adotada para refrigerar as arquibancadas e outros espaços de circulação veio de uma opção comum à boa arquitetura: a ventilação natural. Ela se aproveita da brisa que vem do mar e atravessa o estádio por meio de lacunas deixadas em sua estrutura.
Todas essas características fizeram com que o Estádio 974, com capacidade para 44,089 pessoas, fosse reconhecido com cinco estrelas pelo Sistema de Avaliação de Sustentabilidade Global.