Arquitetura

Elisabeth Wey fala sobre a arte de bem dormir

Daliane Nogueira
02/02/2012 02:26
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A obra mostra a evolução dos quartos desde a antiguidade
No papo com a Viver Bem Casa & Decoração, ela falou dessa aventura pela história do morar, de como cada cultura prioriza o descanso e a intimidade e de uma de suas paixões: o estudo das cores na decoração.
O que essa imersão através dos séculos mostrou sobre a relação das pessoas com os quartos?
Uso a parte histórica como referência para tudo o que influencia na construção de um quarto. Gosto de estudar como era a ergonomia das camas, a localização dos quartos, a arquitetura da casa e o estilo do mobiliário. É fascinante ver como tudo vai mudando com o passar do tempo.
O dormitório passou de símbolo da intimidade máxima para espaço multiuso nos apartamentos compactos.
Fiquei mais focada na história da França, Portugal e também do Brasil, mas relembro a antiguidade clássica. Nosso país é riquíssimo em história, mostro desde a cultura de dormir em rede até os maravilhosos projetos de decoração atuais.
O mais interessante é perceber como a indústria vai se apropriando de elementos históricas para criar novas coleções. Um exemplo é o tipo da cama. Ela já foi bem alta, até a Idade Média; depois ficou mais baixa e voltou a ficar alta nos últimos tempos com as propostas das camas box. Porém percebemos que a tendência para os próximos anos é tê-las mais baixas.
E quais as outras características do quarto do futuro?
A cama vai passar a ocupar o centro do quarto, para que se aproveite melhor a parede, sendo possível circular atrás da cama. Os projetos europeus mais modernos estão trabalhando com essa perspectiva. Outro ponto é o conceito de sala-quarto, uma evolução da suíte, que as construtoras criaram nos anos 1970. A ideia agora não é ter somente um banheiro dentro do quarto, mas todo o conforto. Tudo o que uma pessoa precisa está lá, inclusive com a inclusão de itens de ambientes como cozinha, por exemplo.
Você também fala da qualidade do sono quando se usa muitos aparatos tecnológicos no quarto. O que é importante nessa discussão?
Trabalhei com pesquisas feitas pelo Laboratório do Sono, da Universidade de São Paulo (USP), mostrando que nossa pálpebra é permeável e não filtra o foco de luz da televisão e do computador na hora do sono. O ideal é pensar na iluminação indireta, em cortinas adequadas e na distância confortável da cama para a televisão. Alguns truques ajudam a manter a qualidade do descanso, mesmo tendo o máximo de tecnologia no quarto.
Qual a influência dos quartos equipados na individualidade e privacidade?
Esse é um aspecto que mudou independentemente da inclusão da televisão e do computador. O quarto individual só surgiu nos anos 1960. Antes somente o casal tinha um quarto privado e os filhos dormiam em um mesmo espaço. Hoje se valoriza a individualidade da criança e do jovem e eles ganham voz na decoração de seus próprios dormitórios. Os equipamentos apenas reforçam isso.
Você tem o projeto para o próximo volume do livro?
Vou dar um tempinho na série A Casa de Todos os Tempos para me dedicar ao livro Cores Brasileiras. As cores são minha outra paixão e acredito que precisamos valorizar a essência brasileira, tão apreciada fora do país e pouco valorizada por nós. Esse livro será lançado no segundo semestre de 2012.
Mas penso em retomar a série em 2013, com um livro sobre salas, tendo como base a pesquisa histórica desse ambiente social, tão importante para as relações humanas e familiares.
Por falar em cores, o que você indica como tendência para 2012?
Mais do que tendência, cor é uma questão de estado de espírito. É preciso responder a pergunta: ‘qual a minha cor?’ Essa resposta está na análise da personalidade, é preciso se autoconhecer. Em linhas gerais as pessoas tranquilas pedem paletas mais leves, como os azuis e os extrovertidos preferem nuances coloridas. Mas eu tenho minhas apostas que estão baseadas no que estou estudando para o livro. As cores que remetem aos aspectos naturais do país são ótimas ideias. Gosto das nuances da água, que no caso do Brasil não se limitam ao azul, temos o verde do mar e rios com cores mais escuras, da terra e das frutas tropicais.