Arquitetura
Edifício Asa: moderno, pero no mucho

Edifício Asa. Fotos Letícia Akemi / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
O Edifício Asa é uma incógnita. Pouco se sabe sobre sua história. Não existe versão oficial. Sua presença é tímida nos registros dos arquivos públicos e arquitetos e historiadores ainda não se interessaram em decifrá-lo. Soma-se a isso o fato de a planta original ter se perdido e ninguém saber exatamente quem foi o arquiteto responsável pelo projeto. Alguns chegam a afirmar que até ferro e cimento desviados da construção de Brasília foram utilizados no Asa, como conta o atual síndico do edifício, o médico aposentado Antonio Pedro Nuevo Miguel, 74 anos.
O que se sabe com certeza sobre a habitação é que o nome peculiar vem das iniciais da construtora responsável pelo empreendimento: Aranha S.A. (ASA). Completado em 1954, o prédio é tido como a primeira habitação da capital paranaense a associar espaços comerciais e residenciais. Cravado no centro da cidade, com saídas para a Praça Osório, a Rua Voluntários da Pátria e a Alameda Dr. Carlos de Carvalho, o edifício reúne 22 andares e 414 unidades, entre lojas e residências.
Mas, na contramão do que assegura o imaginário urbano acerca do prédio, a arquiteta e urbanista Juliana Suzuki, que leciona História da Arquitetura na Universidade Federal do Paraná (UFPR), acredita que o Asa muito provavelmente não foi o primeiro a associar residências e comércio. “A função mista era um elemento recorrente nas construções daquele período”, justifica.
Quase uma minicidade, o Asa não passou despercebido na época, porém. Transformou-se em um marco importante da paisagem da cidade, principalmente por ser um gigante. “Na época, os edifícios costumavam ter dez pavimentos, quando muito”, explica Juliana.
Quase uma minicidade, o Asa não passou despercebido na época, porém. Transformou-se em um marco importante da paisagem da cidade, principalmente por ser um gigante. “Na época, os edifícios costumavam ter dez pavimentos, quando muito”, explica Juliana.
No estilo, o edifício se mostra um híbrido de marca maior. Guarda características modernistas, como a clareza estrutural com as colunas circulares e as esquadrias discretas, e, ao mesmo tempo, não abandona elementos da art decó, como a moldura de algumas janelas, o padrão geométrico do piso, os ornamentos do corrimão e das paredes.











