Arquitetura
Descubra a arquitetura por trás dos cenários de Stranger Things
A busca por Will faz com que sua casa se torne cada vez mais manchada e úmida na 1ª temporada. Fotos: Reprodução
Assistir à Stranger Things é, em vários momentos, ter aquela sensação de “acho que já vi isso antes”. A série é recheada de referências aos anos 1980, de músicas – incluindo David Bowie, Joy Division e The Smiths na trilha sonora – a filmes como “E.T., O Extraterrestre”, “Os Goonies” e “Poltergeist”. Até os cenários da super produção da Netflix foram meticulosamente pensados para transportar o público à década dos walkmans e videocassetes.
O seriado criado pelos gêmeos Matt e Ross Duffer – mais conhecidos como os irmãos Duffer – foi filmado nos arredores de Atlanta, em pequenas cidades como Douglasville, Jackson e Stockbridge. O objetivo era optar por uma localidade que transmitisse uma atmosfera familiar e que pudesse representar um amplo espectro dos Estados Unidos arquetípico. A produção buscou recriar a aparência da vida norte-americana do passado com pequenas modificações nas locações existentes.
A casa de Will
As luzinhas coloridas na parede da casa de Joyce e seu filho Will Byers – personagem que sumiu misteriosamente na primeira temporada, lançada em julho do ano passado – tornaram-se a imagem mais icônica da série. Em entrevista ao Interiors, publicação sobre arquitetura e cinema, o diretor de produção Chris Trujill falou sobre o design desta e de outras locações e suas referências visuais.
“O mais gratificante para mim, como designer de produção, é quando o set transcende o cenário e se transforma em um personagem por direito próprio. Desde os primeiros contornos da história, ficou claro que a casa dos Byers teria a sua própria e muito intensa trajetória. O primeiro passo para trazê-la à vida foi encontrar uma excelente e prática locação exterior. Quando nós a encontramos, não havia dúvidas de que era exatamente o que estávamos buscando”, revelou Trujill.
O antigo imóvel a que o diretor de produção se refere foi construído no período entre guerras e é revestido com placas de amianto de falsa madeira com tom azul-acinzentado. Sua localização no fim de uma estrada de cascalho e envolta por bosques garantem o aspecto sombrio da casa.
“Como é o caso de todos os nossos interiores, eu deixei o exterior determinar os elementos básicos: localização das janelas e portas externas, dimensões e materiais de construção. A partir daí, o script começou a determinar o piso. Com a contribuição do diretor de fotografia e com a ação das cenas em mente, arranjo o interior de uma maneira que permita o movimento mais livre da câmera e opções de enquadramento interessantes”, explica o diretor.
O fato da locação ter acomodado um monstro invasor e uma mãe com um machado na mão entre luzes de Natal – enquanto, diga-se de passagem, tudo desabava – foi uma diversão a mais para Trujill.
Laboratório Hawkins e o mundo invertivo
O Laboratório Hawkins funciona como uma entidade fria e misteriosa. Chris Trujillo observa que o espaço “funciona como um reflexo físico da Era Reagan”, e insinua a ansiedade da Guerra Fria na época.
Já o mundo invertido tornou-se, para os cineastas, “a colaboração mais criativa e laboriosa de toda a temporada”. A produção teve que transformar uma fantasia compartilhada em um espaço físico real. A aparência final dessa dimensão é resultado do trabalho da equipe entre efeitos físicos e visuais.
*Especial para Gazeta do Povo
Via ArchDaily