Arquitetura
Curitiba vai ter maior jardim de esculturas do Brasil, mas não sabe quanto irá custar
Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo | GAZETA
Até 2020 a intenção de Curitiba é ostentar uma nova alcunha: a de ser a cidade com o maior jardim de esculturas do Brasil. Em decreto assinado recentemente pelo prefeito Rafael Greca (PMN), parte do Parque São Lourenço foi destinado ao Memorial Paranista e Jardim de Esculturas João Turin, que contará com 78 réplicas de obras do escultor paranaense, reproduzidas em tamanho gigante, quase três vezes o tamanho médio de uma pessoa.
O espaço terá ainda 325 bancos de praça de concreto desenhados por Turin, com ícones de pinhões, grimpas e ramas de pinheiros. A prefeitura ainda não sabe informar quanto pretende investir no projeto, e o Ateliê João Turin não tem uma estimativa de quanto o memorial poderá custar.
Em entrevista exclusiva para HAUS em setembro de 2017, Greca havia deixado claro que sua intenção era de levar o memorial para o espaço do Bom Retiro, no antigo terreno do Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro. Porém, segundo o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), não seria possível utilizar o espaço para a realização do projeto por se tratar de um terreno privado de propriedade da Federação Espírita do Paraná (FEP). A negociação com a FEP foi pausada em dezembro. “O prefeito pode ter outros projetos com a área que não esse”, afirma Danilo Allegretti, assessor de Gestão Patrimonial da FEP.
A área foi motivo de mobilização popular em prol da preservação do bosque após a compra de parte do terreno pelo Grupo Angeloni para a construção da nova unidade da rede. O movimento ficou conhecido como “A causa mais bonita da cidade”. O bosque está dividido entre a parte do terreno adquirida pelo Angeloni e a parte que pertence à FEP, a qual pretende manter o espaço.
Nos últimos dias o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, declarou que também apoia o projeto, a fim de valorizar o patrimônio paranaense. “O apoio se dará por meio da disponibilização das obras do Turin que estão sob a guarda do estado. A ideia é fazer uma parceria para que sejam expostas em uma nova sala que será construída no memorial”, explica o secretário estadual de cultura, João Luiz Fiani. “O apoio será exclusivamente logístico, pois, por estarmos em ano eleitoral, ao estado não é permitido destinar recursos.”
Movimento Paranista
O movimento nasceu no início do século 20 e buscou a construção de uma identidade regional do Paraná principalmente nas áreas da história e da arte. Segundo Luís Fernando Lopes Pereira, pesquisador do tema e professor de História do Direito na UFPR, João Turin foi um dos três principais artistas desse movimento, junto dos pintores João Ghelfi e Lange de Morretes.
Encabeçado por Romário Martins, o movimento angariou fundos para levar os artistas a estudarem arte no exterior, para posteriormente poderem desenvolver uma arte identitária local. A rosa de pinhões, tradicional símbolo das calçadas de petit pavê curitibanas, é obra conjunta dos três e caracteriza a identidade paranista.
Para o pesquisador, o Movimento Paranista é uma preocupação identitária que ainda tem sua validade. “Ele é um movimento permanente, até pela peculiaridade de ter criado uma identidade de uma ideia projetada para o futuro” explica. “[A identidade paranista é uma] colcha de retalhos de várias etnias, todas passíveis de serem abarcadas por esse movimento”.
*Aléxia Saraiva, Sharon Abdalla e Luan Galani.