Há menos de uma semana foi aprovado pela Prefeitura de Curitiba o anteprojeto do futuro complexo educacional que será construído na região do Vale do Pinhão, no Rebouças. Localizado entre as ruas Engenheiros Rebouças, Brasílio Itiberê, Francisco Nunes e Iapó, o projeto contempla a Escola Municipal Irmãos Rebouças, o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Enedina Alves Marques e o Farol do Saber e Inovação Pamphylo D´Assunção, apresentando uma proposta inovadora em relação ao comumente proposto pelos equipamentos públicos voltados à educação infantil, tendo a sustentabilidade e a vida em comunidade como premissas.

No primeiro quesito, destaca-se a previsão de implantação de uma usina de energia solar sobre o edifício de dois pavimentos onde irá funcionar o CMEI, que deverá ser suficiente para o abastecimento energético da unidade. Há, também, soluções de reaproveitamento de água das chuvas e valorização dos espaços verdes. Isso porque, além da preservação das árvores presentes no endereço, entre as quais estão exemplares de Araucária, o projeto prevê o plantio de outras espécies nativas e um trabalho de paisagismo que contemple, também, uma horta.

"A horta estará localizada no pátio externo que, além de conectar os três edifícios [escola, CMEI e Farol do Saber e Inovação], dá acesso à quadra poliesportiva e ao auditório [para cerca de 200 convidados]. Ele é uma área que também será aberta para a realização de atividades junto à comunidade, aos finais de semana", explicam os arquitetos Lisiane Soldateli Vidotto e Paulo França, que assinam o anteprojeto desenvolvido pelo Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), sob coordenação da diretora de projetos do órgão municipal, Célia Bim.

Dois blocos paralelos de dois pavimentos cada receberão as atividades do CMEI (com 19 salas de aula, berçários e lactários, com capacidade para atender cerca de 476 crianças) e da escola municipal (que terá entre 20 e 25 salas e atenderá 500 alunos, aproximadamente).

Já o Farol do Saber e Inovação, por sua vez, manterá a torre e o farol que o caracterizam, mas apresentará volumetria distinta dos demais devido a sua tripla função: biblioteca escolar, espaço maker e biblioteca pública, sendo esta última voltada para a rua. "É uma nova leitura do Farol, modernizada. Mas os elementos essenciais ainda estarão lá", reforçam os arquitetos responsáveis pelo anteprojeto.

Outra novidade está na possibilidade de abertura e fechamento de algumas salas de aula e outras estruturas para que as crianças possam realizar atividades ao ar livre ou com maior contato com o ambiente externo quando o tempo ajudar ou estarem abrigadas em períodos frios e chuvosos, comuns na cidade.

A escolha das personalidades que darão nome às três novas estruturas que irão compor o complexo educacional fazem referência não apenas a importantes personagens da história curitibana, mas também são um reconhecimento a contribuição e presença da população negra para o desenvolvimento da capital e região.

Assim, a Escola Municipal Irmãos Rebouças homenageia os engenheiros André e Antônio Rebouças, naturais de Cachoeira, na Bahia, responsáveis pelo projeto da estrada de ferro que liga a capital a Paranaguá, no litoral paranaense.

O CMEI Enedina Alves Marques referencia a curitibana homônima formada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) que entrou para a história como a primeira mulher engenheira no Estado e a primeira engenheira negra do Brasil. Entre suas obras estão a Usina Capivari-Cachoeira, considerada seu maior projeto, o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).

Por fim, O Farol do Saber e Inovação João Pamphylo Velloso D’Assumpção referencia o também curitibano e advogado responsável pela instalação da Seção Paranaense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

O complexo educacional está em fase de anteprojeto. Segundo os arquitetos do Ippuc, ainda não há previsão de data para início ou conclusão das obras.