Um ano que prometia ser o de melhores resultados dos últimos tempos e que, mesmo impactado pelos reflexos da pandemia, garantiu números expressivos que prometem um 2021 ainda mais promissor.
Assim pode-se resumir o que foi o mercado imobiliário em 2020 e as expectativas do setor para o novo ano não somente a nível de Brasil, mas principalmente quando o assunto são os negócios locais. Um exemplo: no ano passado, a capital paranaense registrou crescimento de 30% no número de apartamentos novos lançados entre janeiro e setembro em relação ao mesmo período de 2019. Já as vendas cresceram 6,5% e somaram R$ 2,4 bilhões, tendo seis dos nove meses do período já dentro do calendário acometido pela Covid-19. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
"Não fosse a pandemia, esse aumento não seria de 30%, mas de 50%", projeta Felipe Sebben, gerente comercial, de marketing e relacionamento da Construtora Laguna. "Os ajustes feitos pelo governo federal, aliados à demanda reprimida na cidade e às baixas taxas de juros e da Selic [justificam os bons resultados]", acrescenta.
Tais indicadores, que apontam para uma retomada dos investimentos, também são destacados no estudo "Melhores Cidades para fazer Negócios 2.0", realizado pela consultoria Urban Systems para a revista Exame, que coloca Curitiba como a terceira melhor cidade (com mais de 100 mil habitantes) para se fazer negócios imobiliários no país, atrás apenas de São Paulo e Belo Horizonte.
Além deles e da retomada dos postos de trabalho no setor da construção civil em setembro, que sofreu incremento de 10%, o relatório lista a demanda por domicílios para famílias com renda acima dos R$ 4 mil mensais, que somam 35 mil novas unidades, como outro dos destaques positivos. O impacto da pandemia na saúde e na economia das cidades também foi considerado pela pesquisa.
"Curitiba é uma cidade bem organizada, com qualidade de vida superior à média nacional que engloba três pilares: maior renda média devido à qualidade dos empregos; segurança; e o fato de a cidade não ter os problemas das megacapitais [como grandes congestionamentos], resume Leonardo Pissetti, da Ademi-PR.
Todas estas características mantêm a confiança do setor para um 2021 de resultados ainda mais expressivos, tanto no que se refere à comercialização das unidades, novas e usadas, como também ao volume de lançamentos, que deverá crescer estimulado pela baixa dos estoques.
"O cenário de juros baixos colocou muita gente no mercado e gerou aumento da demanda, bem como a considerável diminuição do estoque na cidade, o que nos incentivou a adiantar o lançamento de um empreendimento", conta Erick Takada, gerente regional do grupo A. Yoshii, que tem outros imóveis na cidade, como o Maison Legend Ecoville, com todas as unidades comercializadas. A Construtora Laguna, que planejava lançar três empreendimentos em 2020, por sua vez, adiou dois deles por conta da pandemia e deve realizá-los a partir deste ano.
"Acredito que para 2021 teremos um volume de lançamentos cerca de 30% maior do que em 2020", projeta o presidente da Ademi-PR. "Fechamos o ano com cerca de R$ 120 bilhões em financiamentos. Um recorde, que deverá subir para R$ 150 bilhões neste ano, havendo a manutenção de empregos, renda e juros baixos. Esses são os desafios à frente do nosso mercado, assim como as reformas e ajustes fiscais do governo federal", acrescenta.
10 de 100
E Curitiba não está sozinha entre as cidades paranaenses entre as melhores para se realizar negócios imobiliários no país. Outras nove unem-se a ela e colocam o Paraná na segunda posição do ranking da Urban Systems, que apresenta as primeiras cem delas, atrás apenas do estado de São Paulo. São elas: Londrina (25ª), Maringá (29ª), Cascavel (33ª), Araucária (37ª), São José dos Pinhais (41ª), Guarapuava (50ª), Pinhais (57ª), Ponta Grossa (83º) e Umuarama (86ª).
Para Pissetti, a relação delas ilustra as peculiaridades do estado, com o cenário imobiliário de cidades da região da Grande Curitiba sendo incentivado pelo nível de industrialização e emprego, enquanto as do interior pela atividade agropecuária, realizada no entorno destes centros urbanos.
"O estado como um todo também tem boa saúde fiscal. Não tivemos colapsos na pandemia. Isso acaba fazendo com que hajam investimentos imobiliários nessas regiões", finaliza.