Arquitetura

Curitiba terá primeira escola com certificação máxima de eficiência energética do país

Daliane Nogueira
18/07/2016 00:52
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Unidade de Ensino do Sena Portão está prestes a receber certificação LEED Platinum, a maior entre as construções eficientes e sustentáveis. Fotos: RAC Engenharia / Divulgação

Curitiba pode ganhar a primeira escola com a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), no nível Platinum, do Brasil. Trata-se da Unidade de Ensino do Senac no bairro do Portão, que entra em operação nesta segunda-feira (18) e está em processo final de certificação, tendo sendo reconhecida em todas as etapas anteriores, compreendidas durante as fases de projeto e obras. “Até o início de agosto deve vir a confirmação da certificação final”, afirma Ricardo Cansian, engenheiro e diretor da RAC Engenharia, empresa responsável pela construção.

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Com projeto arquitetônico de Eduardo Almeida e André Leite, o espaço tem mais de 3 mil m² de área construída, distribuídos em cinco andares, além do pavimento técnico.
Conquistar a certificação LEED Platinum, concedida pela ONG Green Building Council – entidade que visa fomentar a indústria de construção sustentável -, implica executar um projeto com características de uso inteligente de recursos naturais, otimização dos materiais e eficiência de equipamentos.
Prédio do Senac Portão executado pela RAC Engenharia está pleiteando a certificação LEED Platinum.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Prédio do Senac Portão executado pela RAC Engenharia está pleiteando a certificação LEED Platinum.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
“O projeto que recebemos previa muitos pontos que levavam em conta a eficiência energética. Foi preciso apenas fazer algumas adaptações para entrar no nível máximo (Platinum) da certificação”, afirma Ricardo Cansian, engenheiro e diretor da RAC.
O empresário defende que é possível implementar empreendimentos ambientalmente corretos, sem encarecer o custo da construção. “Você até pode aceitar comprar produtos mais caros desde que a tecnologia oferecida gere economia de outro lado. É possível fazer essa conta chegar próximo de zero trabalhando com materiais mais eficientes e concebendo, desde o início, prédios sustentáveis. Em outras palavras, basta planejamento e disposição”, opina.
Cansian e André Belloni, gerente de projetos da Petinelli, empresa que liderou os trabalhos de consultoria ambiental do empreendimento, listam cinco aspectos que sedimentaram a certificação do projeto.

Geração de energia

Placas solares instaladas na edificação.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Placas solares instaladas na edificação.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Foram instaladas 228 placas solares na cobertura da edificação, totalizando uma área de 370 m² de painéis fotovoltaicos, sendo esta até o momento a maior instalação junto a Copel, conforme registro de micro e mini geração da ANEEL.
Os painéis vão captar a radiação solar e transformar em energia que vai abastecer a edificação (a unidade terá cerca de 42% de seu consumo de energia atendido pela energia solar).
Quando a escola não estiver em uso ou tiver baixo consumo, seja em feriados ou finais de semana, a energia produzida será injetada na rede elétrica da Copel gerando créditos ao Senac, que serão abatidos na fatura mensal. “Estimamos que o retorno sobre investimento de todo o sistema se dará em aproximadamente 7,5 anos”, revela.

Uso inteligente da energia

Uso racional da energia pode levar a economia de 52%.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Uso racional da energia pode levar a economia de 52%.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
A economia energética, no entanto, se dará também no consumo racional. São 2,5 mil lâmpadas de LED com fotocélulas instaladas na área externa e nas salas de aula, que contam, ainda, com sensores de iluminação que desligam automaticamente após um período programado ou são acionadas quando identificado algum usuário nas instalações do prédio.
“Outro item muito simples, mas eficiente, foi a instalação de circuitos de iluminação individualizados, o que permite controlar o nível de iluminação e sombra em cada parte do ambiente”, destaca Cansian.

Ventilação natural

Biblioteca Senac Portão
Biblioteca do Sena Portão: salas têm sistema eficiente de ventilação para economizar energia com ar condicionado.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Biblioteca do Sena Portão: salas têm sistema eficiente de ventilação para economizar energia com ar condicionado.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
As salas de aula foram projetadas de modo que sempre haja a possibilidade do uso da ventilação natural, promovendo conforto térmico no maior número de horas durante o ano e diminuindo a necessidade de uso do ar condicionado.
“Na climatização foram usados equipamentos de alto índice de eficiência que conseguem ser programados e acionados conforme a demanda de cada ambiente”, pontua Belloni.

Água, somente o suficiente

Arejadores nas torneiras proporcionam consumo reduzido de água.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Arejadores nas torneiras proporcionam consumo reduzido de água.<br>Foto: RAC Engenharia / Divulgação
Foi instalada uma cisterna para captação de 3,6 mil litros de água da chuva, conforme exigência da legislação municipal. A água captada será direcionada a torneiras instaladas na parte externa da edificação para ser utilizada na limpeza de calçadas.
“Visando otimizar o consumo, colocamos torneiras com arejadores (que aumenta a quantidade de ar, diminuindo o consumo de água) e  descargas com duplo fluxo de acionamento”, pontua Belloni.

Gestão da obra

O diretor da RAC Engenharia lembra ainda que, para se habilitar à certificação LEED Platinum, a compra de materiais e a gestão do canteiro de obras são fundamentais. “Os resíduos da obra precisam ser destinados de forma correta, o que implica controlar o trabalho das empresas que fazem o transporte desse material. Além disso, no momento da escolha dos materiais é preciso adquirir maderias certificadas, além de colas, vernizes e tintas com baixa emissão de poluntes”, afirma Cansian.
Outros cuidados precisam ser tomados na rotina da obra, como o controle da varredura das instalações e a proteção dos bueiros para evitar entupimentos e descarte incorreto de rejeitos na rede de águas pluviais.