Memorial Paranista
Arquitetura
Curitiba inaugura maior jardim de esculturas do Brasil e memorial com quase 100 obras de João Turin

Memorial Paranista com quase 100 obras de João Turin no Parque São Lourenço é inaugurado nesta sexta-feira (14).
Nesta sexta-feira (14), às 17 horas, será oficialmente inaugurado o Memorial Paranista João Turin (1878-1949) no Parque São Lourenço, com quase 100 obras do artista, um jardim de esculturas gigantes de bronze — o equivalente a quase três vezes o tamanho médio de uma pessoa — e uma nova edificação. O espaço externo com 15 esculturas ampliadas é agora o maior jardim de esculturas do Brasil. Essas obras versam sobre as temáticas preferidas do escultor paranista, como animais selvagens, povos indígenas e reproduções de momentos históricos.
A criação desse novo espaço cultural exigiu dos cofres públicos quase R$ 6 milhões. A estátua mais cara de todas, como apurou a Gazeta do Povo, indicada como 'Índio Guairacá II', custou R$ 750 mil. A idealizadora do projeto é a Prefeitura de Curitiba, com projeto assinado pelo jovem arquiteto Guilherme Klock, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), e pelo renomado arquiteto Fernando Canalli, sócio do Jaime Lerner Arquitetos Associados.

Entre as principais obras do novo memorial estão a 'Marumbi', com quase 3 metros de altura e 700 quilos, que representa com realismo a luta de duas onças, e uma Pietá em baixo relevo, emprestada pela Família Lago, detentora dos direitos autorais de João Turin. Esta é uma obra de 1917, e o primeiro exemplar está na França, feito para a Igreja de Saint Martin, em Condé-sur-Noireau.
Das 15 esculturas ampliadas, 12 foram compradas pela Prefeitura, e as outras três foram doadas pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), por meio da Lei Rouanet. Além disso, 78 esculturas em tamanho original foram doadas pela Família Lago para o Governo do Estado do Paraná, que emprestou as obras à Prefeitura de Curitiba em regime de comodato.

A Família Lago também doou uma fundição elétrica e moderna ao memorial, substituindo uma antiga fundição existente no local, que estava obsoleta.
“Isso vai propiciar aos novos artistas meios para fundir suas peças, estimulando e ajudando o desenvolvimento da arte escultórica paranaense. Acreditamos que seria o que João Turin gostaria de ver, pois ele mesmo teve imensa dificuldade em fundir suas peças à sua época, deixando muitas obras inéditas”, comenta Samuel Lago.

O que foi o Paranismo?
O movimento artístico homenageado com o memorial nasceu no Paraná no início do século 1920, com o objetivo de construir uma identidade regional do estado nas áreas da história e da arte. João Turin esteve à frente desse movimento juntamente dos pintores João Ghelfi e Lange de Morretes.
Com esse objetivo, diversos artistas partiram ao exterior para se capacitarem para desenvolver uma arte identitária local. A rosa de pinhões, tradicional símbolo das calçadas de petit pavê curitibanas, é obra conjunta dos três e caracteriza a identidade paranista.

Quem foi João Turin?
Nascido em 1878 em Morretes, no litoral do Paraná, João Turin veio ainda garoto para a capital paranaense, iniciando seus estudos em artes, chegando a ser professor. Especializou-se em escultura na Bélgica. Retornou ao Brasil em 1922, trazendo comentários elogiosos da imprensa francesa. Foi premiado no salão de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1944 e 1947. Faleceu em 1949.

Em quase 50 anos de carreira, Turin deixou mais de 400 obras. Há esculturas em locais públicos de municípios paranaenses, no Rio de Janeiro e até na França. Turin também está no acervo de arte do Vaticano. A escultura “Frade Lendo” foi entregue como presente do povo brasileiro para o Papa Francisco, em 2013, na primeira visita do pontífice ao Brasil.
Em junho de 2014, seu legado foi prestigiado pelas 266 mil pessoas que visitaram “João Turin – Vida, Obra, Arte”, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Esta exposição também teve uma versão condensada, exibida em 2015 no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e na Pinacoteca de São Paulo.

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