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Arquitetura
Cozinhas passam de coadjuvantes a protagonistas em projetos com muita cor na marcenaria e nas paredes

Projeto da arquiteta Marina Carvalho de uma cozinha integrada: ao juntar ambiente com a sala, siga linguagens semelhantes.
O primeiro apartamento comprado pela arquiteta Marina Carvalho, há pouco mais de 10 anos, teve um projeto totalmente colorido em todos os cômodos, inclusive na cozinha. Na época, o creme e o branco ainda predominavam e sair do básico era uma ousadia. A sua casa acabou servindo como vitrine para quem, assim como a arquiteta, queria um lar com personalidade.
Ao longo dos anos, Marina foi percebendo que os clientes estavam perdendo o medo dos tons intensos, inclusive, na cozinha.
Reunimos dicas da arquiteta, de alguns projetos - dela e de outros escritórios - para quem está pensando em mudar o lugar que é o coração da casa:
1 - Escolha a sua paleta de cores
Segundo a arquiteta Marina Carvalho, antes de iniciar um projeto, ela envia aos clientes um questionário e, uma das perguntas, são as cores que gosta e quais evita, para criar uma paleta e uma composição de agrade.

Apenas a pedra, segundo a profissional, é interessante que seja em um tom mais claro. “Sempre pergunto se ele prefere ver a sujeira ou não e a resposta unânime é que prefere que a sujeira fique aparente para limpar do que oculta”.

Ela sugere o quartzo, que é resistente, para esse fim. Tampos em tons claros, diz ela, também deixam a cozinha mais leve.
2 - Vai integrar cozinha e sala? Adeque a linguagem
A tendência de deixar os dois ambientes juntos exige que a cozinha, salienta Marina, seja mais social. “Já fiz cozinhas de tijolinho aparente porque tinha a ver com o restante da linguagem da casa. Nesse caso a cozinha precisa ter menos cara de cozinha”.
3- Cores na marcenaria e nas paredes
Se a cozinha e as paredes têm uma base neutra, a marcenaria pode receber cores, sejam discretas, vibrantes ou uma mistura de ambas. Quer quer uma proposta mais delicada deve escolher cores claras ou pastéis.

Em ambientes mais clássicos, verde e azul escuros são boas alternativas, como neste projeto do Estúdio Maré, que elegeu o azul em um tom mais fechado como a cor protagonista da cozinha:

Se a decisão for deixar o colorido nas paredes, com tintas, azulejos divertidos ou pastilhas, também é necessário escolher um tom como base e ficar livre para aplicar cores distintas ou vibrantes em determinados pontos.
O importante, de acordo com a arquiteta, é evitar exageros, para que a cozinha fique diferente, mas sem excessos.

“Quando se escolhe cor nas paredes ou azulejos como o lurca, economizo na marcenaria e no piso para equilibrar. Informação demais fica over”, indica.
4 - Neutra com pontos de cor
Quem ainda tem receio de investir em uma cozinha colorida - ou mora em um espaço alugado e não quer investir em grandes projetos - usar objetos e utensílios coloridos são boas soluções para dar uma cara nova ao ambiente.

Hoje há no mercado fogões, geladeiras e eletrodoméstico coloridos, e com uma cara retrô, que ajudam a renovar o ambiente.
Outra possibilidade é deixar apenas uma parte da marcenaria com um tom que se destaque do restante mais neutro, como no caso dessa cozinha compacta projetada pela Stal Arquitetura:

Neste projeto, os neutros cinza e branco ganharam alegria com o armário amarelo vivo; a cor é uma das que mais combina com os acinzentados.
5- Usabilidade em primeiro lugar
Pense na manutenção da cozinha: segundo ela, não deixar tantos objetos e eletrodomésticos aparentes é uma das dicas para facilitar a limpeza no dia a dia. “A casa é uma casa real, para as pessoas curtirem, e não para ter trabalho”, frisa a arquiteta. A disposição dos eletrodomésticos é outro aspecto fundamental - os itens essenciais da cozinha, o cooktop/fogão, geladeira e pia - não podem ficar um na frente do outro. “Por isso muitas cozinhas são em formato de corredor, para não ter carga de circulação”, ensina Marina.


A cozinha pode ser linda na referência do Pinterest ou no folder do apartamento decorado. Mas, será que ela funciona no seu dia a dia? “A função do arquiteto é resolver o funcional. A estética é uma consequência. Por isso a cozinha tem que ser feita de acordo com o perfil do cliente. Por isso é importante saber: a pessoa gosta de cozinhar ou só pede delivery? Quantas vezes vai ao supermercado por mês ou por semana? Isso tudo direciona na hora de fazer o projeto”, fala Marina Carvalho.