Arquitetura
Arquitetura extraterrestre: como projetos preveem mudança para Marte a partir de 2022
Cúpulas irão garantir a proteção contra a radiação. Foto: Dubai Media Office
As discussões sobre o transporte de humanos para a colonização de Marte agitaram o meio científico e tecnológico nos últimos dias. No fim de setembro, Elon Musk, CEO da SpaceX, revelou planos ambiciosos: um novo sistema de transporte aéreo que poderá transportar pessoas para qualquer ponto da Terra em menos de uma hora; a instalação de uma base na lua e o início da habitação terrestre no planeta vermelho já em 2022.
Os Emirados Árabes Unidos também estão pensando no futuro fora da Terra, mas com um prazo maior. A proposta do programa espacial do país é a construção de uma cidade em Marte que poderá abrigar até 600 mil pessoas em 2117, daqui a um século.
O país do Oriente Médio é marcado por suas construções grandiosas, como os luxuosos prédios de Dubai, e o planejamento da cidade marciana do futuro não fica para trás. O governo dos Emirados anunciou o projeto Mars Science City (Cidade Científica de Marte, em tradução livre), que será a maior cidade de simulação espacial já construída na história. O protótipo será instalado no deserto do próprio país e irá reproduzir as condições de vida em Marte.
O complexo Mars Science City servirá como um local de testes de materiais e técnicas que poderão ser utilizadas para a construção no planeta vizinho. Haverá uma instituição de pesquisa com laboratórios para o estudo de alimentos, energia e água e paisagens para ensaios agrícolas e estudos de segurança alimentar. O plano é que uma equipe passe um ano inteiro no cenário experimental.
O público geral também poderá visitar o local e ter contato com uma série de atividades, incluindo a visita a um museu destinado à celebração das conquistas espaciais da humanidade, que será construído com paredes impressas em 3D utilizando a areia do deserto.
Arquitetura
Uma equipe de cientistas, engenheiros e designers do Centro Espacial Mohammed bin Rashid estão trabalhando para a realização do projeto, que será desenhado pela renomada empresa dinamarquesa-americana Bjarke Ingels Group (BIG), liderada pelo arquiteto Bjarke Ingels. O grupo deverá projetar habitações para um cenário desafiador que envolverá pouca água disponível e congelada; atmosfera dominada pelo dióxido de carbono; radiação solar extrema e gravidade muito menor do que a da Terra, entre outros obstáculos.
Em entrevista ao Co.Design, Ingels afirmou que exportar a arquitetura terrestre para Marte não é um caminho válido – soluções regionais com os materiais disponíveis devem ser criadas. “Quando você vai para habitações vernáculas em todo o mundo, o uso da matéria-prima disponível no local não somente torna esses ambientes mais cativantes e característicos, mas também mais sustentáveis”, conta o arquiteto. Em Marte, o objetivo também é usar o que a natureza extraterrestre fornece.
Ingels buscou inspiração na arquitetura de desertos da Tunísia e no parque nacional de Mesa Verde, no Arizona, onde há casas que foram construídas dentro das pedras. Os planos para o planeta vermelho incluem casas com similaridades às terrestres, com uma parte das habitações sendo subterrâneas. Estruturas acima do solo serão impressas em 3D com a areia marciana e envoltas por cúpulas ultrarresistentes para proteger as instalações contra radiação e meteoros.
Dentro dessas redomas haverá cultivo de plantas, criação de peixes em tanques e espaço para pesquisa e lazer. A princípio, a Mars Science City terá uma cúpula de 1,9 milhão de m². Ao longo dos anos, outros domos serão construídos no entorno, que serão progressivamente interligados formando pequenas vilas, dispostas em formato circular. A intenção é a de que elas se transformem em uma grande cidade.
*Especial para a Gazeta do Povo