Um loft para Rita Lee. Este foi o desafio proposto aos inscritos na 1ª etapa do Circuito Archa PRO, maior concurso de arquitetura do país, que anunciou seu vencedor nesta sexta-feira (7), ao mesmo tempo em que homenageou a rainha do rock nacional, que nos deixou a pouco mais de um ano.
A proposta era a de que os participantes desenvolvessem um projeto de arquitetura para um loft do qual Rita seria a cliente. Em comum, todos precisavam apresentar um espaço que contemplasse área social com cozinha, estar, jantar e banheiro, além de íntima com quarto e closet. A partir daí, a criatividade e a inspiração na própria história da cantora foram as linhas guias para as propostas apresentadas pelos 10 escritórios finalistas.
"Fiquei impressionada com a narrativa dos projetos. As apresentações estavam muito especiais, trazendo uma investigação profunda da cliente que, no caso da Rita Lee, era uma pessoa tão plural. Foi um trabalho muito bonito", avalia Luciana Figaro, especialista em branding e marketing para arquitetura, uma das juradas da 1ª etapa do Circuito Archa PRO.
A seleção contou ainda com a participação de Bruna Galliano, especialista em cores, e Dani Virgnio, criador de conteúdo sobre mercado de interiores. "Foi muito difícil fazer a escolha do vencedor", acrescenta ele, ao ressaltar a qualidade dos projetos finalistas.
"Arbítrio Ancestral"
A liberdade característica de Rita Lee foi o ponto de partida do projeto "Arbítrio Ancestral", eleito o vencedor da etapa Grande São Paulo do Circuito Archa PRO. Assinado pela arquiteta Bruna Soranz, o espaço foi desenhado para funcionar como uma espécie de refúgio para a cantora e traz elementos que fazem referência ao início de sua carreira solo, nos anos 1970, tendo no mix de texturas e de soluções seus principais destaques.
Segundo Bruna, o desenvolvimento do projeto se deu a partir da forma do círculo, que guia o fluxo do layout, as formas da marcenaria autoral e inspira os elementos arquitetônicos da proposta.
Assim, no pavimento térreo, o que se vê é uma sala de estar convidativa e aconchegante, na qual as cores e o revestimento em camurça dos estofados baixos são "abraçados" e ganham toques de aconhego pelo painel em madeira que reveste a parede. Ele também une esta área à sala de jantar, que traz sofá curvo em marcenaria fazendo as vezes de assento em um dos lados da mesa.
Ao lado dela, a ilha central recebe o cooktop e área de trabalho com base em inox e tampo em pedra natural em tons de marrom, ressaltando a sensação do vintage repaginado. O mesmo acabamento cobre a bancada da pia, moldada pelo desenho angulado dos desgraus da escada.
Mezanino
A manutenção do mezanino, outra premissa do concurso, foi explorada de forma lúdica pelo projeto vencedor, começando pela escada que dá acesso ao dormitório. Nela, o guarda-corpo em marcenaria traz círculos coloridos que criam sombras e brincam com as cores e a luz ao longo do dia.
Chegando ao quarto, o carpet com padrão personalizado convida ao conforto, enquanto o forro de madeira curvo delimita a área do closet, aberto.
Por fim, a essência das cores e materiais dos anos 1970 é apresentada no banheiro, com ladrilhos em tons avermelhados. Nele, as paredes curvas criam um fluxo misterioso no ambiente, ao mesmo tempo em que dão uso de lavabo ao espaço.
"É um projeto no qual as linhas do passado se fundem aos contornos do presente. [Um convite] para que a Rita, livre, transitasse entre a nostalgia e o futuro", comenta Bruna ao completar sua apresentação sobre o projeto "Arbítrio Ancestral", vencedor da 1ª etapa do Circuito Archa PRO.