Pela segunda vez no Conjunto Nacional, um dos prédios mais emblemáticos da arquitetura moderna da capital paulista, a CASACOR São Paulo abre suas portas ao público a partir desta terça-feira (30). Este ano, a mostra reúne 74 ambientes dispostos em uma área ampliada de 11 mil m². O elenco formado por nomes de peso da arquitetura, design de interiores e paisagismo nacionais materializa em forma, função e sensações a interpretação do tema “Corpo & Morada”, que abre espaço para refletir sobre a relação entre os seres humanos e a natureza.

Em meio a pilotis e brises, a arquitetura biofílica predomina. Ponto alto da mostra, ela ganha projeção nos 14 jardins que se transformam em uma verdadeira imersão sensorial nas florestas.

“Convocamos os profissionais do elenco a pensar em como cuidar de si e do planeta e a biofilia se mostrou inevitável. No manifesto que escrevo, uso a figura do jardineiro, que exercita o cuidado com paciência e dedicação. Trazemos a beleza das espécies nativas brasileiras para que as pessoas olhem para este ato de cuidar. Foi partindo desta premissa que convidamos o botânico e paisagista Ricardo Cardim a assinar as instalações do Banho de Floresta, que se destaca por trazer espécies da Mata Atlântica”, conta Livia Pedreira, curadora da CASACOR, em entrevista a HAUS.

A expansão da arte é outra novidade. Os visitantes podem ver obras de artistas brasileiros consagrados, apresentadas na primeira galeria própria da mostra. Diversas instalações completam a experiência imersiva do circuito, como o painel com desenhos de Lampião e Maria Bonita, idealizado pela arquiteta Gleuse Ferreira, bisneta do casal, em parceria com a artista Jade Marangolo.

Confira 7 ambientes que estão entre os destaques selecionados por HAUS, que esteve no preview de imprensa da 36ª edição da CASACOR SP, realizado no último sábado (27).

Um dos espaços mais marcantes, Ciclos Deca por Sig Bergamin eleva a biofilia, o design e leva protagonismo às áreas de banho. No oásis de 430 m², os lançamentos em metais, louças e acabamentos de marcas que integram o grupo Deca são evidenciados com personalidade. Seis ambientes diferentes mostram como o banheiro pode ser funcional e cheio de estilo. De acordo com o consagrado arquiteto e designer de interiores, o verde aparece em 50 tons e se funde a outros pontos de cor. Formas orgânicas emolduram a abundância de diversas espécies nativas que percorrem todo o espaço e despertam sensações de bem-estar e serenidade.

Um convite a olhar para a ancestralidade como forma de promover uma conexão profunda entre o ser humano e a casa. Este é o conceito que permeia os 300 m² da Casa Magenta, concebida por Bruno de Carvalho e Camila Avelar, da BC Arquitetos. Cores e materiais que fazem alusão à terra ganham amplitude na atmosfera afetiva e sensorial, criando um contraponto com peças de design assinado e aparelhos tecnológicos.

Juliana Cascaes exalta a brasilidade em uma composição de base neutra e muita textura. O Living Alma Brasileira enfatiza o jogo de contrastes entre o padrão do teto, inspirado na obra de Mirthes dos Santos para as calçadas paulistanas, e os materiais das peças de mobiliário de José Zanine Caldas e Ricardo Fasanello. Obras de Abraham Palatnik, Amélia Toledo e Amilcar de Castro são emolduradas pela entrada de luz natural. O efeito translúcido obtido com as cortinas, feitas em organza e assinadas pelo estilista Lino Villaventura, complementa a atmosfera leve e harmoniosa.

Com estética acolhedora, marcada por uma cenografia impactante que explora os jogos de luz em uma paleta sóbria, o restaurante Badebec ganha ares de ninho na proposta conceitual de Renan Altera. Itens de décor que remetem à natureza, como galhos de jabuticabeira, uma série de vasos em cerâmica e as formas orgânicas de diversos elementos se fundem à madeira, presente em diversas superfícies.

Ester Carro, arquiteta, moradora e ativista da comunidade do Jardim Colombo, em São Paulo, assina o Espaço Motirõ. Com 34 m², ele foi concebido para acomodar, de maneira confortável, famílias em pequenos ambientes. Peças de mobiliário desenhadas pelo escritório de Claudia Moreira Salles enaltecem a arte indígena de Waxamani Mehinako. A sustentabilidade aparece no revestimento das paredes, feito com papelão e borra de café, e ganha amplitude com a cisterna, que reutiliza a água da chuva no banheiro.

A arquitetura vernacular ganha evidência no ambiente Casa Krafitzen Consentino, assinado pela Suite Arquitetos. Texturas e materiais naturais evocam a tradição ancestral. Obras de arte, como os blocos de cerâmica do artista Héctor Zamora, dialogam com o conceito do espaço. Peças de mobiliário assinadas por nomes consagrados do design nacional são mescladas a itens desenhados pelo escritório, como o sofá, as mesas de centro e o móvel entalhado do banheiro.

Enormes painéis em madeira aquecem e dão o tom aconchegante da Casa Essência Duratex, por Paola Ribeiro. Reconhecida pela característica solar de sua assinatura, a profissional carioca dá vida a boiseries modernas e estantes que abraçam o living. A estética contemporânea ganha protagonismo com o pé-direito alto e o colorido das obras de arte, objetos e móveis soltos.