Arion Kovalski tem 51 anos e duas casas construídas com as próprias mãos. A primeira, de madeira, foi erigida na cidade catarinense de Blumenau, em 2011. A segunda, no município de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, foi construída a seco com estrutura de aço e placas cimentícias em 2014.

A tecnologia da segunda casa é o steel frame, um tipo de construção que usa pequenas colunas de aço (chamadas de perfis) no lugar de colunas e vigas da alvenaria. "É um quebra-cabeça gigante. Você tem o projeto em mãos e as indicações do que encaixa no quê. É trabalhoso, mas eu estava disposto a participar de todas as etapas", relembra Arion, que é gerente de produção da Barbieri do Brasil, indústria que produz perfis estruturados de aço.

A casa de 109 m² levou um ano para ficar pronta. "Mas se a pessoa não quiser fazer sozinha, consegue construir em três ou quatro meses com uma equipe profissional, menos da metade do tempo que levaria ao fazer em alvenaria", compara.

A fundação radier foi feita da maneira tradicional, mas prevendo menos peso, uma vez que o peso de aço usado é quatro vezes mais leve que o do cimento e tijolos. Os perfis estruturantes escolhidos para o projeto permitem a sustentação de um segundo piso, caso a família Kovalski queira ampliar a casa no futuro.

Quando os 42 painéis chegaram ao terreno, cerca de 80% dele estava pré-montado. Com a ajuda de um colega do trabalho, Arion descarregou cada um na área correspondente e, com a esposa, levantou as paredes para aprumá-las e travá-las. "Em dois dias eu e minha esposa erguemos todo o perímetro da casa. E aí a casa já se sustenta, porque um painel trava no outro", explica.

Por causa da precisão do projeto e da maneira como os perfis de aço são instalados, a construção em steel frame é mais rápida e gera menos entulho. Assim, o orçamento previsto no início da obra dificilmente se alterará durante a construção. "O planejamento e definição do projeto é o que leva mais tempo, por isso decidi por um projeto da Consul Steel já existente", diz Arion. "Os perfis de aço ficaram prontos em dois dias", completa.

Com a ajuda de dois amigos, Arion instalou as estruturas do telhado em uma semana. Do lado de fora da casa, foram instaladas placas cimentícias e para garantir conforto térmico e acústico, as paredes contam ainda com isolamento de lã de vidro e placas de gesso, comuns para o fechamento do sistema construtivo. Nas áreas úmidas, como banheiro e cozinha, as placas usadas são resistentes à umidade. "Não tem nenhum bloco de cimento nem no banheiro, nem na cozinha", comenta, frisando a facilidade de mexer em fiação elétrica e instalação hidráulica apenas cortando parte do painel em vez de abrir uma parede de alvenaria. Piso e azulejos foram instalados por ele mesmo, que havia feito um curso técnico na área.

Foi trabalhando para a Barbieri do Brasil que Arion interessou-se pela tecnologia e solicitou participar de uma capacitação para a construção em steel frame na Argentina, em 2011. Como colegas de curso, engenheiros, arquitetos e montadores de steel frame – profissionais que prestam serviço construindo a casa dos outros. Só Arion estava lá com a missão de construir a própria. Em breve, a Barbieri do Brasil terá o serviço de capacitação similar no Brasil, tanto para profissionais como para pessoas que queiram ter a experiência de construir sua própria casa.

O projeto da casa foi adaptado de um existente da argentina Consul Steel, consultoria com suporte técnico para construções em estruturas de aço que auxiliou Arion. A edificação é térrea e conta com dois quartos e uma suíte, uma sala de estar, uma sala de jantar, uma cozinha e um banheiro. A lavanderia foi construída à parte. Para estruturar a casa, foram usados 2,8 T de aço e o investimento de Arion foi de R$ 110.000 à época, considerando pisos, rodapés, forro e demais acabamentos. Atualmente, apenas as 2,8 T de estrutura de aço custam cerca de R$ 35 mil e as placas e mantas para as paredes, aproximadamente R$ 12 mil.

Se você ficou interessado e quer saber mais sobre o sistema, vale sempre lembrar da importância de se contar com o acompanhamento de um profissional habilitado -- arquiteto ou engenheiro -- para acompanhar o projeto. Isso vale também para outros sistemas construtivos, incluindo a alvenaria convencional. Para construir ou reformar no Brasil, é obrigatório ter uma ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, assinada por um engenheiro, ou uma RRT - Registro de Responsabilidade Técnica, assinada por um arquiteto, conforme determina a Lei  nº 6.496/77. As documentações que o Código de Obras que a prefeitura de cada cidade exige também precisam ser verificadas e todo projeto precisa apresentar instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e demais detalhes.