Arquitetura

Casa amarela do antigo Bar 14 Bis é restaurada para nova função

Aléxia Saraiva
21/05/2018 10:30
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Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | LETICIA AKEMI

O antigo Bar 14 Bis, que nos fins de tarde concentrava inúmeros estudantes da vizinha FAE Centro Universitário, vai ganhar um novo uso. O prédio amarelo na esquina da Avenida Visconde de Guarapuava com a Rua 24 de Maio será, ainda em 2018, a nova sede no Núcleo de Práticas Jurídicas do curso de Direito da FAE Centro Universitário. O terreno agora pertence ao Grupo Educacional Bom Jesus, que incorporou à instituição a premissa de valorizar a região dos seus prédios.
“A gente tem uma preocupação com os imóveis degradados no nosso entorno. Esse era um prédio usado sem cuidados, e isso sempre incomodou muito”, explica Régis Ferreira Negrão, o pró-reitor administrativo da FAE. Em 2016, surgiu a oportunidade da compra do terreno pelo grupo, que logo demonstrou interesse. Segundo ele, a previsão de inauguração do prédio é no segundo semestre deste ano.
Vizinhanca Alcoolica - Curitiba - 21- 11-12 - Caderno Educacao - Materia que trata do problema do consummo abusivo de alcool por universitarios. Bar 14 bis ao lado da FAE. Foto: Marcelo Elias / Agencia de Noticias Gazeta do Povo
Vizinhanca Alcoolica - Curitiba - 21- 11-12 - Caderno Educacao - Materia que trata do problema do consummo abusivo de alcool por universitarios. Bar 14 bis ao lado da FAE. Foto: Marcelo Elias / Agencia de Noticias Gazeta do Povo
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Histórico

Listado como uma unidade de interesse de preservação (UIP) do município, o prédio é uma construção do início da década de 1920, com características do fim do estilo eclético e já quase no art déco, quando são utilizadas mais formas geométricas na fachada. Quem explica é o arquiteto responsável pelo projeto e execução do restauro do edifício, Claudio Forte Maiolino. “Era um prédio residencial que tinha divisões [internas] muito menores. Hoje não tem mais nada porque, quando o bar se instalou lá, limpou tudo”.
Outra característica que mudou ao longo do tempo foi o pé-direito: originalmente, o prédio tinha dois pavimentos com 5,5 m de altura. Depois, foram construídos dois mezaninos, criando quatro andares de 2,5 m. “Quando você faz isso, o piso intermediário fica no meio da janela, que é mais alta. O que eles fizeram ali foi um piso intermediário no térreo e uma laje no segundo andar”, explica o arquiteto. E foi pra liberar as janelas mantendo os pavimentos que o arquiteto enfrentou o maior desafio da obra. “Essa laje estava em vigas no meio na janela, e para reabrir as janelas precisava cortar essas vigas. Quase a casa caiu pra desmontar aquilo”, comenta Maiolino.
A restauração, que durou cinco meses, também contemplou a fachada e o telhado. Na parte externa, foi utilizada tinta mineral na pintura, o que confere ao prédio uma aparência aveludada. Segundo o arquiteto, essa é uma escolha fundamental para a preservação de prédios históricos, já que a cal permite que as paredes respirem. “Essas casas têm umidade interna, que vêm do solo. Se você pinta com qualquer tinta moderna ela vira uma pele, impermeabilizando. E aí essa umidade fica dentro da parede e logo apodrece”, acrescenta.

Novo uso

O pró-reitor explica que o próprio Ministério da Educação (MEC) requer que os núcleos de práticas jurídicas dos cursos de direito se localizem em locais separados das instituições, já que seu objetivo é atender a comunidade externa, assessorando pessoas que não têm acesso ao sistema judiciário. O piso térreo será destinado ao atendimento, e os outros andares serão divididos entre salas para alunos e funcionários. Para Negrão, a mudança do uso do prédio é motivo de comemoração: “Um curso tradicional como o direito em um prédio com indicação de tombamento até combina!”.

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