Urbanismo

Arquitetura

Brasília vai ganhar cidade satélite com capacidade para 120 mil habitantes

Luciane Belin, especial para HAUS
05/03/2020 21:40
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A rua central da cidade Urbitá vai se chamar Curitiba, em homenagem à cidade paranaense, referência em inovação. Imagem: divulgação | Luisa Sabino

Um terreno de 900 hectares que hoje é considerado uma “mancha urbana” em pleno Distrito Federal deve mudar de status em breve para se tornar uma cidade. Batizada de Urbitá, a região será urbanizada com a construção de edifícios residenciais, comerciais e institucionais que devem ter sua primeira etapa inaugurada em 2023.
Com a construção da Urbitá, o objetivo da Urbanizadora Paranoazinho - empresa que foi fundada especialmente para viabilizar o projeto - é o de redirecionar parte do fluxo habitacional e do tráfego de veículos da capital, de forma a desafogar a região central, a do Plano Piloto.
“É uma área bastante extensa, que se insere no contexto urbano já existente e reflete um dos desafios de urbanização do Brasil: o de conseguir requalificar um espaço a partir das áreas ainda livres”, explica o CEO da empresa, Ricardo Birmann.
Região onde será localizada a cidade-satélite Urbitá. Foto: Google/Reprodução
Região onde será localizada a cidade-satélite Urbitá. Foto: Google/Reprodução
Com autorização para construir edifícios com altura máxima de 37,5 metros - equivalente a 11 andares, a cidade oferece um potencial construtivo de 4 milhões de metros quadrados, que contemplam ainda um sistema de parques lineares de 5 milhões de metros quadrados - uma área maior do que a do Central Park, de Nova York, a título de comparação.
O investimento para a construção da Urbitá será de R$ 17 bilhões e a previsão é de que a cidade-satélite leve até 25 anos para ser finalizada. Um dos destaques da cidade é o fato de que 40% das áreas do projeto serão destinadas a uso público, com parques e equipamentos públicos e 100% do sistema viário contemplado com ciclovias.
A cidade terá uma rua central com nome de Rua Curitiba, que pretende propor novas formas de ocupar o espaço coletivo. "Há todo um debate em torno de como os sistemas de estrutura se ligam uns aos outros, como a área privada se relaciona com a área pública. A Rua Curitiba tem essa oportunidade de discutir isso, queremos concentrar nela uma discussão sobre um novo modelo de rua".
Imagem:  Urbanizadora Paranoazinho/Divulgação
Imagem: Urbanizadora Paranoazinho/Divulgação
Segundo um levantamento realizado pela própria companhia, cerca de 300 mil pessoas vivem hoje no Plano Piloto de Brasília, mas 1,3 milhão trabalha nesta mesma área, o que caracteriza a cidade como “pendular”. O mesmo relatório mostrou que, no entorno do terreno onde estará a Urbitá, vivem cerca de 180 mil pessoas, que frequentemente precisam se deslocar para o centro para trabalhar, estudar, fazer compras, entre outras atividades.
“As áreas periféricas têm função de coadjuvante na cena urbana e são muito dependentes do centro. A ideia é que a Urbitá consiga suprir parte disso, com algumas construções institucionais, como escola e agências bancárias, que devem ficar prontas antes mesmo dos primeiros moradores chegarem.”
Imagem:  Urbanizadora Paranoazinho/Divulgação
Imagem: Urbanizadora Paranoazinho/Divulgação
De acordo com ele, a intenção é propor uma uma solução urbana funcional para Brasília que seja replicável em outras cidades que vivenciam a mesma questão, colaborando para torná-la polinucleada. “Vários núcleos urbanos, em que as pessoas possam atender um pouco mais as necessidades do dia a dia delas perto de onde elas moram, contribuem para reduzir o deslocamento dentro da cidade, o que tende a favorecer modos de transporte não motorizados ou coletivos.”
Há 12 anos em desenvolvimento, a cidade passou recentemente pela fase de aprovação do projeto de urbanização e agora devem iniciar os trâmites da fase residencial. “A primeira fase - a não-residencial - corresponde a cerca de 10% potencial construtivo da Urbitá e vai ficar pronta no segundo semestre deste ano”, diz ele.
A expectativa é que os primeiros moradores comecem a chegar em cerca de três anos. “A ocupação do bairro vai acontecer no ritmo do desenvolvimento imobiliário, estamos estudando quantos prédios serão inaugurados neste primeiro momento”, complementa.