Urbanismo
Arquitetura
Brasília vai ganhar cidade satélite com capacidade para 120 mil habitantes
A rua central da cidade Urbitá vai se chamar Curitiba, em homenagem à cidade paranaense, referência em inovação. Imagem: divulgação | Luisa Sabino
Um terreno de 900 hectares que hoje é considerado uma “mancha urbana” em pleno Distrito Federal deve mudar de status em breve para se tornar uma cidade. Batizada de Urbitá, a região será urbanizada com a construção de edifícios residenciais, comerciais e institucionais que devem ter sua primeira etapa inaugurada em 2023.
Com a construção da Urbitá, o objetivo da Urbanizadora Paranoazinho - empresa que foi fundada especialmente para viabilizar o projeto - é o de redirecionar parte do fluxo habitacional e do tráfego de veículos da capital, de forma a desafogar a região central, a do Plano Piloto.
“É uma área bastante extensa, que se insere no contexto urbano já existente e reflete um dos desafios de urbanização do Brasil: o de conseguir requalificar um espaço a partir das áreas ainda livres”, explica o CEO da empresa, Ricardo Birmann.
Com autorização para construir edifícios com altura máxima de 37,5 metros - equivalente a 11 andares, a cidade oferece um potencial construtivo de 4 milhões de metros quadrados, que contemplam ainda um sistema de parques lineares de 5 milhões de metros quadrados - uma área maior do que a do Central Park, de Nova York, a título de comparação.
O investimento para a construção da Urbitá será de R$ 17 bilhões e a previsão é de que a cidade-satélite leve até 25 anos para ser finalizada. Um dos destaques da cidade é o fato de que 40% das áreas do projeto serão destinadas a uso público, com parques e equipamentos públicos e 100% do sistema viário contemplado com ciclovias.
A cidade terá uma rua central com nome de Rua Curitiba, que pretende propor novas formas de ocupar o espaço coletivo. "Há todo um debate em torno de como os sistemas de estrutura se ligam uns aos outros, como a área privada se relaciona com a área pública. A Rua Curitiba tem essa oportunidade de discutir isso, queremos concentrar nela uma discussão sobre um novo modelo de rua".
Segundo um levantamento realizado pela própria companhia, cerca de 300 mil pessoas vivem hoje no Plano Piloto de Brasília, mas 1,3 milhão trabalha nesta mesma área, o que caracteriza a cidade como “pendular”. O mesmo relatório mostrou que, no entorno do terreno onde estará a Urbitá, vivem cerca de 180 mil pessoas, que frequentemente precisam se deslocar para o centro para trabalhar, estudar, fazer compras, entre outras atividades.
“As áreas periféricas têm função de coadjuvante na cena urbana e são muito dependentes do centro. A ideia é que a Urbitá consiga suprir parte disso, com algumas construções institucionais, como escola e agências bancárias, que devem ficar prontas antes mesmo dos primeiros moradores chegarem.”
De acordo com ele, a intenção é propor uma uma solução urbana funcional para Brasília que seja replicável em outras cidades que vivenciam a mesma questão, colaborando para torná-la polinucleada. “Vários núcleos urbanos, em que as pessoas possam atender um pouco mais as necessidades do dia a dia delas perto de onde elas moram, contribuem para reduzir o deslocamento dentro da cidade, o que tende a favorecer modos de transporte não motorizados ou coletivos.”
Há 12 anos em desenvolvimento, a cidade passou recentemente pela fase de aprovação do projeto de urbanização e agora devem iniciar os trâmites da fase residencial. “A primeira fase - a não-residencial - corresponde a cerca de 10% potencial construtivo da Urbitá e vai ficar pronta no segundo semestre deste ano”, diz ele.
A expectativa é que os primeiros moradores comecem a chegar em cerca de três anos. “A ocupação do bairro vai acontecer no ritmo do desenvolvimento imobiliário, estamos estudando quantos prédios serão inaugurados neste primeiro momento”, complementa.