Arquitetura
Do Alto da XV ao Batel, Avenida Visconde de Guarapuava “esconde” muitas faces

Do início da via, por cima das árvores, é possível ver que ela continua por vários quilômetros | Foto: Vivian Faria/Gazeta do Povo
A vista da trincheira da Rua Ubaldino do Amaral talvez seja uma das mais emblemáticas da Avenida Visconde de Guarapuava, esteja a via livre ou com aquela fila interminável de carros e suas luzes de freio. Ao contrário do que se pode imaginar, porém, não é ali que tudo começa: é cerca de 1,8 km antes, ainda no Alto da XV, onde a rua tem pouco em comum com seu trecho mais percorrido.

De acordo com os professores de arquitetura Alexandre Ruiz (Universidade Positivo), Fábio Domingos (FAE) e Thaís Saboia (UTFPR), considerando as características arquitetônicas e paisagísticas da via, a Visconde – como pode ser carinhosamente chamada – pode ser dividida em quatro: o trecho residencial; o segmento que sofre influência do Mercado Municipal; a parte histórica – que também é o coração da avenida – e o trecho residencial verticalizada.
“Me parece que o ponto de nascença da Visconde é trecho que fica no Centro, próximo à Câmara Municipal de Curitiba. Ali ela é bem urbana. Depois, ela vai se expandindo”, avalia Ruiz. Para Thaís, a impressão que se tem de mapas antigos é que toda a avenida fosse uma grande via de escoamento de tráfego, como é o trecho que faz parte do setor estrutural (via rápida paralela à canaleta de ônibus expressos). “Talvez tenham encontrado uma ocupação aqui [no Alto da XV] e o plano nunca se concretizou. Mas a vantagem disso é que alguns terrenos não viraram lotes e tem áreas verdes”, diz.




Em seu primeiro trecho, a via é uma típica “rua de bairro”, com casas – muitas delas sem recuo – e prédios de até três andares. Além disso, ela é bem arborizada, contendo inclusive diversas araucárias, e tem diversas interrupções que impedem a passagem de carros e formam terrenos triangulares. O “início do fim” deste trecho acontece quando a via cruza o trilho do trem, que é uma estrutura que geralmente representa ruptura em trechos urbanos, mas a mudança é mais evidente na altura da trincheira.





Após a Rua Ubaldino do Amaral, já há prédios mais altos, principalmente do lado esquerdo da via, mas há também construções mais baixas e com usos mais diversificados. Entre a Câmara Municipal – que já foi Assembleia Legislativa – e a Praça Oswaldo Cruz, também há predominância de prédios mais baixos, onde muitos comércios se estabelecem. Contudo, há terrenos que foram transformados em estacionamento e construções históricas degradadas, devido ao planejamento voltado quase que exclusivamente para veículos (em alta velocidade).




A partir do Shopping Curitiba, antigo quartel do exército, edifícios residenciais altos começam a dominar a paisagem. Conforme os especialistas, essa configuração é resultado das alterações do planejamento urbano feitas no fim dos anos 60 e consolidadas nos anos 90. Ainda assim, uma ou outra construção “sobrevivente” de décadas anteriores, como a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus.



Alexandre Ruiz, Fábio Domingos e Thaís Saboia passearam pelos mais de cinco quilômetros de extensão da Avenida Visconde de Guarapuava na manhã desta quinta-feira (07), a convite de Haus. O passeio pode ser uma boa alternativa para quem está em Curitiba neste feriado e deseja conhecer um pouco mais a cidade.
*Especial para a Gazeta do Povo.