Arquitetura
Atenção especial à estrutura

Os pilares de madeira, que ficavam na estrutura do telhado, foram substituídos por estruturas metálicas que possibilitaram a ampliação do pé-direito
A primeira ideia que se tem de reforma dá conta da parte estética, capaz de mudar completamente os ambientes da casa. Mas antes da aparência, é necessário verificar se a estrutura da casa está saudável.
Toda a construção sofre reacomodação natural, mas o aparecimento de rachaduras, goteiras, bolhas, destacamentos na pintura ou folgas em portas e janelas, podem ser sinais de falhas no processo construtivo, que ocasionam uma série de problemas. O desconforto estético do ambiente, o comprometimento da saúde dos usuários, com problemas respiratórios e alérgicos e, em casos mais graves, insegurança do imóvel.
Reformar e não maquiar as falhas é o que defendem os especialistas. “Procurar um engenheiro calculista capaz de dimensionar a real extensão de uma infiltração, por exemplo, é uma medida segura e indispensável”, diz o engenheiro civil, João Marcelo Kloss, da JM Kloss engenharia.
Cláudio Slosaski, engenheiro civil, professor do curso de pósgraduação em Patologias da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e diretor da empresa de manutenção predial Bex Poi, explica que várias falhas construtivas, que demandarão uma reforma estrutural posterior, nascem na fase de execução. “Por vezes a mão de obra utilizada não consegue implantar o projeto de forma correta”, analisa.
Outra fonte de problemas é a idade da construção. “Todos os materiais têm uma vida útil, o desgaste é natural”, diz Kloss que recomenda revisões com periodicidade de cinco anos. “O ideal é que o usuário saiba manter o imóvel. Limpeza, ventilação, pintura, são cuidados que auxiliam na conservação”, acrescenta.
Independentemente da origem, os proprietários só não podem ficar omissos aos problemas estruturais. “O erro mais clássico é fechar os olhos para aquela pintura descascada ou para uma porta que começou a emperrar. ‘Dar um jeitinho’ só vai contribuir para aumentar a deficiência”, lembra Slosaski.
Soluções
Fissuras, infiltração e as goteiras estão entre os itens estruturais que mais chamam atenção e preocupam. No caso da umidade, uma solução é a utilização de argamassas poliméricas, que contêm ativos impermeabilizantes.
A correção das fissuras é mais complexa. “Por desconhecimento, é comum se proceder apenas o preenchimento com argamassa de cimento e areia e algum aditivo. Mas esse procedimento não resolve o problema que pode estar ligado à oxidação da estrutura de ferro”, alerta Slosaski.
A solução implica em remover o concreto afetado, reconstituir a armadura e, em casos de início de corrosão, recuperar o componente estrutural mantendo as dimensões originais.
“Quando há corrosão avançada, é necessário reformar o componente estrutural, aumentando as suas dimensões originais através de reforço”, completa, lembrando que a oxidação de armadura pode ocorrer em qualquer elemento estrutural, como pilares, vigas e lajes.
O telhado é outro elemento estrutural que merece atenção. A função principal da cobertura é evitar a entrada de água na forração. “Dimensionar telhado é diferente de levantar uma parede ou fazer uma concretagem, exige conhecimento específico para acertar a inclinação e o tipo da telha e calhas”, reforça Slosaski.
Entre as falhas mais comuns na reforma do telhado está o dimensionamento da capacidade da calha e a mudança do tipo de telha. “Se a inclinação e a estrutura serviam para telhas de fibro-cimento, não servem para os tipos cerâmico ou de amianto, por exemplo”, diz.
Alguns procedimentos, como a verificação periódica nos telhados, limpeza e tratamento anti-ferrugem de calhas e rufos, ajuda a adiar ou evitar uma reforma.
João Marcelo Kloss ressalta que as medidas corretivas são onerosas, especialmente quando não se consegue o projeto original da obra. “É preciso fazer uma avaliação empírica para ver a dimensão das estruturas. Mas uma vez elaborado um bom projeto de reforma, há poucas chances de haver problemas e o imóvel nem vai parecer que foi reformado.”
Ampliação
Muitas reformas são motivadas pela necessidade de ampliar o espaço da casa. Antes de fazer um “puxadinho”, é preciso avaliar as condições do imóvel e aprovar de um projeto, assinado por engenheiro ou arquiteto, junto à prefeitura.
A arquiteta Laryssa Rocha acompanhou a reforma de um sobrado, no Jardim das Américas. “Havia a necessidade de um espaço de lazer e verifiquei que era possível abrir um ático, aproveitando o caimento do telhado”, diz.
Na reforma foram reforçadas as vigas, para possibilitar a abertura da laje e implantação da escada. “No ático, há uma viga de fora a fora para dar sustentação”. No espaço, haviam pilares de madeira que sustentavam o telhado e foram substituídos por três pilares metálicos. “A estrutura que usei foi toda metálica, inclusive a escada. É uma forma mais limpa de proceder a reforma”, comenta Laryssa. Para fazer o acabamento, foi usado revestimento em drywall.
A ventilação do ático, que servirá para abrigar um home e um espaço gourmet, ficou garantida com a abertura de duas mansardas. “Para isso, foi preciso refazer parte da estrutura do telhado”, diz a arquiteta. A obra levou 60 dias para ser concluída e custou cerca de R$ 25 mil.