Arquitetura
As marcas do paranismo na arquitetura de Curitiba
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
O pinhão estilizado cravado na fachada, um pinheiro ornamentando um portão, vitrais com o formato da nossa semente mais famosa. Os símbolos paranaenses mais emblemáticos permanecem vivos em alguns imóveis de Curitiba e, principalmente, nos equipamentos públicos.
Herança do Movimento Paranista, das décadas de 1920 e 1930, a exposição dos símbolos refletia a preocupação com a construção de uma identidade regional, em uma Curitiba que vivia a efervescência cultural propiciada pelo surto econômico da erva-mate e com a necessidade de representações políticas e tradições regionais.
“Foi um movimento paralelo ao neocolonialismo nacional, que também buscava uma linguagem genuinamente brasileira para a arquitetura da época. Este experimentalismo artístico local veio do olhar para a natureza, daí aparece o pinheiro como símbolo máximo”, explica o historiador Marcelo Sutil, da Fundação Cultural de Curitiba.
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O pesquisador Luís Fernando Pereira, em seu livro Paranismo: O Paraná Inventado, relata como ícones do movimento os artistas Romário Martins, João Turin, João Zaco Paraná, Lange de Morretes, além dos vários articulistas e escritores que contribuíram para a revista Ilustração Paranaense (que circulou até meados da década de 1930) e é a principal herança cultural do movimento, com várias contribuições no campo das artes visuais.
Na opinião do arquiteto e estudioso da arquitetura paranaense Key Imaguire Jr., a assimilação do paranismo por parte dos construtores da época não foi de grande repercussão. “O que se tem ainda preservado são as calçadas – com o pinhão e o pinheiro estilizados por Lange de Morretes – e poucos imóveis com os padrões estampados nas fachadas.”
O prédio mais representativo, na opinião de Sutil e Imaguire, é um sobradinho no calçadão da Rua XV de Novembro, hoje usado como ponto de comércio. “A construção dele é anterior ao período do movimento, mas foi reformado em 1932, no auge do paranismo, e, talvez por isso, tenha ganhado tantos ornamentos com o pinhão estilizado, nos vitrais e fachada”, conta Sutil.
Apesar de não ter larga escala na arquitetura do início do século, a ode ao Paraná, que foi semeada então, repercute até hoje, na opinião de Sutil. “Há algumas releituras dos símbolos paranaenses em prédios construídos nas décadas seguintes, como uma agência do HSBC na Avenida João Gualberto e os detalhes do Memorial de Curitiba”, lembra.
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