Tendências construtivas
Arquitetura
Arquitetura copicat: os riscos de copiar edifícios icônicos
![Thumbnail](https://cms-revista-haus.s3.amazonaws.com/revistahaus/2022/06/10181741/manhattan-arquitetura.jpg)
O skyline de Manhattan é um dos mais imitados do mundo | Pexels/Nancy Bourque
A arquitetura copycat, cópia de edifícios tem aparecido com certa frequência nas notícias de arquitetura, devido às construções chinesas que são cópias fiéis de algumas edificações mundialmente conhecidas, como Torre Eiffel e Capela Rochamps de Le Corbusier, que já foi, inclusive, demolida.
Aliás, por lá, o copycat (expressão muito usada no inglês e que quer dizer "imitador", em tradução live) chegou a inspirar a construção de uma cidade inteira, chamada Tianzin, nos moldes de Manhattan - o distrito mais famoso e povoado de Nova Iorque.
![](https://cms-revista-haus.s3.amazonaws.com/revistahaus/2022/06/10181900/eiffel-pexels-alex-azabache.jpg)
Obviamente o ato de copiar acontece o tempo todo na arquitetura. Temos estudantes copiando as lições de projetos estabelecidos, repetindo casas-modelo e referenciando abertamente elementos do passado, por exemplo. Até mesmo a maior parte do mundo da arquitetura está ciente da propensão dos profissionais chineses para se apropriar de suas obras favoritas de países estrangeiros.
Entretanto, existem muitas considerações a serem feitas sobre essa tendência. Isso porque esse tipo de cópia descarada de construções icônicas espalhadas ao redor do mundo prejudica não somente o design local, mas também afeta a cultura específica de cada região.
![Residenncial Burj Al Babas, na Turquia: condomínio de castelos que imitam o ícone da Disney.](https://cms-revista-haus.s3.amazonaws.com/revistahaus/2022/06/10182454/castelos-turquia-3-aae3f3b0.jpg)
Explico: dentro da prática da construção, a inovação é um dos valores fundamentais e há um esforço contínuo para construir uma inteligência coletiva que se baseia na experiência de cada projeto e que nos leva a uma melhor arquitetura por meio da inovação.
Às vezes, isso pode significar pegar uma ideia de um projeto específico e aplicá-la em um novo contexto, ou examinar um detalhe estabelecido e determinar como é possível melhorá-lo. Certamente esse tipo de utilização de conhecimento prévio e ajuste ao novo contexto não é o mesmo que a clonagem em massa como temos visto por aí.
Além disso, me parece até mesmo óbvio dizer que a arquitetura possui um significado cultural importante para a região na qual está localizada. De modo geral, ela cria uma conexão com o lugar e com o tempo em que está inserida, se tornando uma referência para aqueles que visitam determinado lugar.
Não à toa, o governo chinês proibiu a construção de edifícios "imitados". Segundo o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural da China, bem como da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o decreto visa "proibir estritamente plagiar, imitar e copiar projetos de outros edifícios". O objetivo é "fortalecer a confiança cultural, mostrar as características da cidade, mostrar o espírito contemporâneo e enaltecer as características chinesas".
![O tradicional e o novo em contraste: preservar a cultura ou abrir espaço para a inovação e o estrangeiro?](https://cms-revista-haus.s3.amazonaws.com/revistahaus/2022/06/10182742/pexels-thijs-tuynman-5959217.jpg)
Nesse sentido, é certo que dentro do universo da construção civil cada projeto represente um desafio único, com seu próprio contexto físico e cultural, pensado para um uso específico, trazendo uma nova oportunidade de tornar-se uma solução arquitetônica.
Isso não quer dizer que uma ideia, detalhe ou material semelhante não possa ser referenciado ou usado novamente. Mas precisa ser utilizado de acordo com a realidade local, criando uma espécie de conexão com o passado e o presente de cada região.
Afinal, projetos originais, mesmo que inspirados em outros, fortalecem a confiança cultural, representam as características de uma cidade, bem como exibem o espírito contemporâneo necessário para propor novas e necessárias soluções.
*Artigo assinado por Bruno Fabbriani, CEO da BFabbriani Incorporadora, que tem como objetivo oferecer soluções inteligentes ao setor imobiliário.