Arquitetura
Arquitetos lançam canal no YouTube em repúdio a Bolsonaro

O arquiteto Paulo Mendes da Rocha é um dos profissionais a integrarem o grupo. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Um grupo de arquitetos lançou, nesta quarta (17), o canal de Youtube “Arquitetxs pela Democracia” se posicionando contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) através de vídeos curtos com depoimentos dos profissionais. Entre eles, estão nomes como Paulo Mendes da Rocha, Marcelo Rosenbaum, Angelo Bucci, Ermínia Maricato e Márcio Kogan.
Na descrição do canal, eles afirmam ser um “grupo de arquitetxs e urbanistas formado espontaneamente após o resultado do 1° turno das eleições presidenciais para apoiar a candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila”. Cada vídeo contém o depoimento de um dos profissionais defendendo seu posicionamento político. Ao todo, 12 vídeos já foram publicados no canal.
Em um deles, Guilherme Wisnik, professor da FAU-USP, diz que a campanha de Bolsonaro “é estruturada em cima do medo e do ódio, para gerar a fuga”. Segundo ele, isso leva a um pensamento individualista, de “tentar se livrar do outro”, diz. Já Marcelo Rosenbaum faz apelo a comunidades tradicionais e à preservação do meio ambiente.
Ermínia Maricato, figura importante na criação do Ministério das Cidades, do qual foi secretária-executiva, e ex-secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano durante a gestão de Luiza Erundina, diz em um vídeo que há uma contradição no cenário atual: “quem defende a pátria está pensando em vender e privatizá-la”.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) não tem ligação com o movimento, pois não pode se envolver em debates de cunho partidário. Somente pode se manifestar sob o ponto de vista técnico sobre políticas urbanas e de habitação.
Em carta aberta aos presidenciáveis, lançada em agosto, o CAU/BR, junto com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pediram comprometimento dos candidatos e apresentaram 53 propostas para questões urbanas. Apesar de não se posicionar a favor de nenhum dos candidatos, critica as privatizações e fala de grupos sociais excluídos. A reforma urbana, diz a carta, “deve se contrapor ao urbanismo que privatiza e fecha as nossas cidades”.
Entre as propostas, sugere-se um plano de ação de acolhimento de refugiados e imigrantes, a retomada de programas de urbanização de favelas, democratização do acesso ao crédito imobiliário e implantação de projetos que tenham com ênfase no “protagonismo comunitário”.
“Preservar territórios tradicionais fortalecendo políticas públicas voltadas para a recuperação da cultura de povos historicamente marginalizados nas políticas de preservação e valorização cultural”, defende a carta.