Arquitetura

Aproveite o feriado para redescobrir a Rua XV com 12 curiosidades arquitetônicas

Equipe HAUS*
14/04/2017 17:00
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Aproveite o fim de semana e faça um passeio demorado pela Rua XV. As surpresas históricas e arquitetônicas valem a pena. Foto Antônio More / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Há quem faça o caminho correndo para chegar em um compromisso, pegar o ônibus ou não se atrasar para o trabalho. Mas o calçadão da Rua XV pode surpreender quem se permite passear pelos petit-pavé com um pouquinho mais de tempo. Os imóveis históricos, os prédios emblemáticos e o planejamento da região fazem parte da história de Curitiba.
Para ajudar você a conhecer e reconhecer a arquitetura da capital listamos 12 pontos curiosos destacando histórias e detalhes.

1 – Paisagismo na Osório

Mesmo o pedestre mais ocupado ou distraído nota a imensidão verde que abraça a praça, uma das mais arborizadas da cidade. São 400 árvores plantadas nos 12.700 m². “Hoje são 46 espécies, na maioria palmeiras, cássias e guapuruvus”, explica Giovando Romani, do departamento de Praças da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A praça tem ainda dois canteiros plantados com as flores da estação, além de gramados e canteiros com heras embaixo das árvores.
Registros históricos do IPPUC e da Fundação Cultural de Curitiba indicam que a preocupação com a estética da Osório vem de longa data. Entre 1900 e 1907 foram plantadas as primeiras árvores alinhadas, enquanto que os canteiros elevados vieram em 1913.
As referências francesas, principalmente ao movimento art nouveau – estilo marcado pela decoração elaborada e formas curvilíneas ou sinuosas –, são de 1914. A praça ganhou um chafariz, com estátuas de sereias e de um cisne trazidos da França, sem contar o petit-pavé de rosácea paranista (com pinhões nas laterais), baseado no desenho de Lange de Morretes.

2 – Relógio da Boca

O relógio, que por anos ficou conhecido como “a hora oficial” de Curitiba, foi instalado na Boca Maldita em 1914, mas só começou a funcionar realmente em 1918. Isso porque o mecanismo da peça, encomendado da Alemanha, só chegou a Curitiba depois da Primeira Guerra. Reza a lenda que o relógio vive atrasando.

3 – O “gigante” mais famoso da cidade

O edifício Tijucas é sem dúvida um dos prédios mais emblemáticos da cidade. A localização (bem na frente da Boca Maldita) e as incontáveis histórias dos moradores e frequentadores da galeria de mesmo nome, transformaram o endereço em uma referência.
Apesar da popularidade, pouco se sabe sobre a história do prédio construído em 1958. Os registros em arquivos públicos são escassos. Não existe versão oficial nem informação sobre quem o construiu.
Com 31 andares, o Tijucas tem sua maior expressão na verticalidade. Na Curitiba do fim dos anos 1950 a estrutura surgiu como um monstro, um marco na paisagem.

4 –  Edifício Asa

O nome peculiar vem das iniciais da construtora responsável pelo empreendimento: Aranha S.A. (ASA). Completado em 1954, o prédio é tido como a primeira habitação da capital paranaense a associar espaços comerciais e residenciais. Cravado no centro da cidade, com saídas para a Praça Osório, a Rua Voluntários da Pátria e a Alameda Dr. Carlos de Carvalho, o edifício reúne 22 andares e 414 unidades, entre lojas e residências e pode ser visto quase de qualquer ponto do calçadão.
Do ponto de vista arquitetônico, o prédio guarda características modernistas, como a clareza estrutural com as colunas circulares e as esquadrias discretas, e, ao mesmo tempo, não abandona elementos da art decó, como a moldura de algumas janelas, o padrão geométrico do piso, os ornamentos do corrimão e das paredes.

5 – Colunas de ferro

Elementos marcantes do estilo eclético, as colunas de ferro fundido estão presentes em inúmeros imóveis ao longo do calçadão. É só prestar atenção aos detalhes para perceber o ornamento nas fachadas. Elas têm inscrições da fundição Mueller Irmãos que as criava no fim do século 19.

6 – Movimento paranista

Herança do Movimento Paranista, das décadas de 1920 e 1930, a exposição de  símbolos como o pinhão estilizado nas fachadas refletia a preocupação com a construção de uma identidade regional. Para o arquiteto e professor Key Imaguire Jr e o historiador da Fundação Cultural de Curitiba Marcelo Sutil, o prédio mais representativo deste movimento é  um sobradinho no calçadão da Rua XV. “A construção dele é anterior ao período do movimento, mas foi reformado em 1932, no auge do paranismo”, conta Sutil.

7 – Janelas neogóticas

O prédio que sedia uma agência do Itaú, na esquina com a Monsenhor Celso, tem estilo neogótico – tendência do período eclético – e foi construído em 1893. A marca aparece, principalmente, no formato ogival das janelas.

8 – Detalhes de art noveau

Construído em 1912, o prédio que abrigou a loja de tecidos Casa Louvre é dos poucos exemplares do art noveau no Paraná. O restauro do imóvel, feito recentemente pela arquiteta Maylin Ling, deu mais visibilidade aos detalhes arquitetônicos. Vale um olhar mais demorado.

9 – Uma porta com história

Entre os casarões mais representativos na última parte do calçadão esta o de número 423. Construído em 1921 em estilo art decó, o edifício abrigou por vários anos a tradicional Livraria Ghignone. Do conjunto, o que não passa despercebido é a imponente porta de entrada.

10 – Prédio tradicional dos Correios

Por fim, já em frente a Praça Santos Andrade, é claro que o prédio neoclássico da Universidade Federal chama a atenção de todos, mas não deixe de observar a “Correio Velho”, primeira agência oficial de correios e telégrafos de Curitiba, construída em 1934, em estilo moderno. Ela teve o restauro concluído no início deste ano.

11-Edifício de Rubens Meister

Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
No cruzamento entre a XV e a Av. Marechal Floriano, em frente a um painel de Poty Lazzarotto, está localizado um edifício de esquina projetado por Rubens Meister, responsável pelo Teatro Guaíra. É possível perceber semelhanças com outras obras do engenheiro, como os pilares em cruz que também estão na Rodoferroviária, de sua autoria. “Outra marca de Meister é o uso dos materiais crus, ele não tenta escondê-los”, apontam os profissionais do Lona Arquitetos. O recuo, obrigatório pelo Plano Massa para ampliar a área do pedestre, e o pé-direito alto para acomodar comércio no térreo também se fazem presentes.

12-Quatro edifícios interessantes

Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
Adiante, no cruzamento com a Rua Barão do Rio Branco, quatro imponentes se encaram, cada um em uma ponta a esquina. Três edifícios art-déco de frente para um eclético. Um deles é a antiga sede do Clube Curitibano, com uma marquise de quase dois metros. Em frente, outro com a estética tem uma loja da Tim no térreo, com muita geometria e verticalização. “Nesse é legal perceber a apropriação do edifício: cada andar optou por um tipo de grade. Umas são horizontais, outras, verticais”, ressalta Macedo.
Ao virar para o sentido oposto da XV, outro edifício art-déco mostra como o concreto armado permitiu o aproveitamento das esquinas e a brincadeira volumétrica. Todos os três “encaram” o prédio eclético da outra esquina, com mais ornamentos e a inscrição da data de construção: 1926.
*Daliane Nogueira, Luan Galani; Eloá Cruz, Camila Neves, Mariana Domakoski, Geanine Ditzel, especial para a Gazeta do Povo

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