Restauro
Arquitetura
Após reformas, casarão histórico sedia primeiro Museu da Vacina da América Latina

Casa Vital Brazil, exemplar de arquitetura rural de estilo eclético dos anos 1880, agora sedia Museu da Vacina. | Eduardo Pozella
É uma construção dos anos 1880 que serviu como sede da Fazenda Butantan, onde foi criado o instituto homônimo, localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo, que abriga o novo Museu da Vacina. Inaugurado em março, o espaço é uma iniciativa do Parque da Ciência, complexo cultural vinculado ao Centro de Desenvolvimento Cultural do Instituto, para ensinar e difundir a ciência por trás dos imunizantes.
Para sediar o novo museu, primeiro do tipo da América Latina, a edificação conhecida como Casa Vital Brazil ou Casa Rosa, representante da arquitetura rural de estilo eclético, passou por restauro e reformas que recuperaram e protegeram características originais, assim como adaptaram o espaço e seu entorno para o novo uso.
O projeto, assinado pelos arquitetos Celso Grion e Erick Tonin, do escritório Effect Arquitetura, incluiu a recuperação de todo o exterior da edificação e de linhas originais que ainda estavam presentes no interior, mas descaracterizadas pelos diferentes usos que o espaço teve ao longo dos anos -- de casa do médico e sanitarista Vital Brazil Mineiro de Campanha (primeiro diretor do Instituto Butantan e responsável pela descoberta de diversos soros contra o veneno de animais peçonhentos) a laboratório de desenvolvimento e produção da CoronaVac, primeira vacina nacional aplicada no país contra a Covid-19.

Para preservar e destacar esses atributos, além de evidenciar as camadas históricas relevantes para a compreensão do valor cultural da edificação, os profissionais optaram, por exemplo, por deixar à mostra parte das paredes originais e utilizar transparências em itens como rampas de acesso que passam sobre as antigas escadas, para que elas também possam ser apreciadas pelos visitantes.

Novos espaços
Para possibilitar a criação de novos espaços – corpo principal, pátio central, corpo secundário e novo bloco de sanitários –, uma parte do bloco central da construção de 550 m² foi demolida. Um novo segmento foi então construído usando sistema construtivo, linguagem, materiais, cores e texturas distintos dos originais para que os visitantes saibam quais são as partes preservadas e quais são as novas.
Além disso, a construção foi adaptada para se tornar acessível a todos os públicos por meio do nivelamento dos desníveis com tampos de vidro e da construção de um deck metálico elevado revestido de granito para promover a acessibilidade universal na interligação do museu com os demais acessos.

O novo Museu da Vacina conta com diversas salas que apresentam o histórico de desenvolvimento dos imunizantes, como eles são produzidos e como agem no corpo humano. O funcionamento do Instituto Butantan, ferramentas e campanhas de vacinação do passado, a resposta à Covid-19 e fake news também são temas tratados no local. Tudo isso é trazido ao público de maneira dinâmica e interativa, com uso de hologramas e vídeos 360º.