Celebração
Arquitetura
Dia do Arquiteto: no aniversário de Oscar Niemeyer, 11 obras do mestre do modernismo para conhecer
Brasília, 18/03/2003 (Agência Brasil – ABr) – Arquiteto Oscar Niemeyer chega ao Palácio da Alvorada para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Ricardo Stuckert – Palácio Planalto – Hor.53) | Ricardo Stuckert - Palácio Plan
Uma das mentes mais brilhantes da arquitetura mundial e seguramente uma das personalidades que levou o nome do Brasil para outros cantos do mundo, Oscar Niemeyer goza de tanta representatividade que é em homenagem a ele que se comemora, neste dia 15 de dezembro, o Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista – data legitimada pela lei federal 13.627/2018. Nesta data, Niemeyer completaria em 2022 seus 115 anos de vida.
Falecido em 05 de dezembro de 2012, o arquiteto premiado em todo o mundo foi o grande nome do modernismo nacional, encabeçando um movimento que tem exemplares no país inteiro. À frente de obras como o planejamento da cidade de Brasília, Oscar Niemeyer consolidou o estilo no país e espalhou sua assinatura em diferentes estados e cidades por todo o território nacional.
Para os paranaenses, a obra mais icônica deste artista das construções é o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, cuja estrutura principal simula um olho, que está entre os símbolos da cidade. Mas seu currículo vai muito além disso e soma mais de 600 obras espalhadas por todo o mundo, em 15 países diferentes.
Separamos outras 10 obras que trazem o olhar de Niemeyer e os seus tão característicos traços em todo o país. Confira!
Brasília
Convidado em 1956 pelo presidente Juscelino Kubitschek para projetar a nova capital do Brasil, Niemeyer foi nomeado diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitetura da Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília. No mesmo ano, foi encarregado de organizar o concurso para escolha do plano piloto de Brasília, participando também da comissão julgadora.
Além de ter de participar ativamente do projeto de urbanismo da capital brasileira, Niemeyer também trabalhou intensamente em dezenas de edifícios na cidade. Seus traços estão espalhados pela cidade, em prédios como Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada, sede do Supremo Tribunal Federal, Museu da Fundação de Brasília, Memorial JK,Teatro Nacional Claudio Santoro, Congresso Nacional, Itamaraty, Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida e a Praça dos Três Poderes.
Foi o planejamento de Brasília que consolidou a fama mundial do arquiteto e contribuiu para seu reconhecimento internacional, coroado pela entrega do Prêmio Pritzker de Arquitetura — considerado o Nobel da área –, que o arquiteto recebeu em 1988 em Chicago, nos Estados Unidos.
Brasília ajudou a firmar o estilo arquitetônico do modernista, pautado em linhas curvas e geométricas em prédios de concreto armado.
Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG)
Mas não foi apenas no Distrito Federal que Niemeyer se dedicou ao planejamento urbano. Um pedacinho de Minas Gerais também contou com o olhar do arquiteto.
Hoje candidato ao título de Patrimônio da Humanidade, o conjunto é considerado por muitos um marco da arquitetura da América Latina. São cinco edifícios localizados no entorno da Lagoa da Pampulha: a Igreja São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (hoje Iate Tênis Clube), construídos quase simultaneamente entre 1942 e 1943, e a residência de Juscelino Kubitschek (atual Casa Kubitschek), construída em 1943.
Sede da ONU em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Em 1947, Niemeyer foi convidado para projetar a Sede da Organização das Nações Unidas, quando esta ainda passava por seus primeiros anos de estruturação, no pós-guerra.
Após algumas trocas com Le Corbusier, os nomes à frente da ONU à época optaram pelo projeto que pende mais para o desenvolvido pelo brasileiro, que propôs aproveitar o terreno relativamente pequeno com um prédio alto, ao estilo do Rockefeller Center, também em Nova Iorque.
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ)
Niemeyer projetou o edifício do Museu de Arte Contemporânea de Niterói depois de uma visita à orla da cidade. Em dois meses, conheceu a região e criou um projeto que, segundo o próprio Niemeyer em declaração à administração do Museu, é de fácil compreensão. “Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto.”
O resultado desta visão do arquiteto foi consolidado em setembro de 1996, com a inauguração do espaço, que fica em uma praça com 2.500 km² sobre um espelho d’água. São 98 metros de curvas livres que levam aos pavimentos superiores sob uma cobertura circular com 50 metros de diâmetro.
A filha de Niemeyer, Anna Maria, também participou da elaboração do projeto, sugerindo o mobiliário. Como destaque do projeto, os 34 faróis de avião que iluminam o monumento, sob o espelho d’água e, à distância, dão a impressão de que o museu está flutuando 10 metros acima da Baía de Guanabara.
Memorial da América Latina, em São Paulo (SP)
Uma mão sangra, mas o sangue é latino – tem, inclusive, o formato da América Latina. A escultura que é símbolo do Memorial em São Paulo dialoga com um momento em que o arquiteto estava conectado com as pautas latino-americanas de integração e trocas entre os países. No site do mesmo, uma fala de Niemeyer explica, por si mesmo, o que passava pela cabeça do arquiteto quando da construção.
“Durante meses acompanhei atento sua construção. A obra me emocionava. Dera-lhe toda a minha dedicação, mas alguma coisa ainda faltava, alguma coisa que me integrasse no sentido político do Memorial, para mim mais importante do que sua arquitetura”.
Localizado na Zona Oeste da Capital, o Memorial ocupa uma área de 84 mil metros quadrados, dos quais 12 mil são de área verde de preservação. No restante do terreno, sete edifícios são distribuídos em duas praças – a Praça da Sombra e a Praça Cívica -, interligadas por uma passarela sobre a Avenida Auro Soares de Moura.
Inaugurado em 1989, o lugar hoje concentra eventos culturais e de entretenimento, como exposições e encontros.
Parque Natural Municipal Dom Nivaldo Monte, em Natal (RN)
Rodeado pela vegetação natural do Parque das Dunas, a Unidade de Conservação Municipal projetada por Oscar e Anna Maria Niemeyer está em um grande espaço de 64 hectares que visa preservar a água subterrânea de Natal, bem como a vegetação rasteira das dunas.
Também chamado de Parque da Cidade, o projeto inclui dois pórticos, cinco trilhas pavimentadas, uma biblioteca, um centro de educação ambiental, um auditório, entre outros espaços internos, observados de cima por um monumento de 45 metros de altura que atua como mirante e memorial da cidade.
Sede do Partido Comunista Francês, em Paris, na França
No período em que foi filiado ao Partido Comunista, Niemeyer fez parte do grupo de professores que, em 1965, se demitiram da Universidade de Brasília por conta da repressão militar dentro das universidades durante a ditadura. Impedido de trabalhar no Brasil, o arquiteto se mudou para a França, onde deixou também sua marca em diferentes projetos, dos quais o mais representativo é o da sede do Partido Comunista Francês, construído entre 1967 e 1980.
Mesquita de Argel, na Argélia
Em 1968, Niemeyer desenvolveu alguns projetos para contribuir com o plano de urbanização de Argel, capital da Argélia, entre os quais estão a Mesquita da cidade. Inicialmente, a ideia era também utilizar um espelho d’água, mas uma mudança de endereço trouxe a ideia de inserir o templo no mar, no litoral em direção ao Cabo Matifou.
O resultado é impressionante, de forma que a mesquita parece flutuar sobre as águas. Um ano depois, Niemeyer assinou o projeto da Universidade de Constantine, também na Argélia.
Museu de Arte Popular da Paraíba, em Campina Grande (PB)
Vinculado à Universidade Estadual da Paraíba, o Museu de Arte Popular é um centro de estudos, documentação e exibição da cultura paraibana, fundado para exaltar os costumes e tradições deste estado nordestino, algo que está presente também na arquitetura do local – que foi apelidado de museu dos três pandeiros, graças à sua forma. Situado sobre uma praça, em uma borda do Açude de Campina Grande, foi pensado de maneira a não prejudicar a visão do espelho d’água, dividido em três edificações suspensas.
Oscar Niemeyer, levou apenas dois dias para elaborar um croqui e duas perspectivas do museu, algo que fez depois de observar imagens do local.
Os blocos cilíndricos envidraçados são ligados por uma plataforma, que faz vista ao Açude e à cidade em seu entorno. Fica na rua Doutor Severino Cruz, Centro, em Campina Grande (PB).
Estação Cabo Branco, em João Pessoa (PB)
Com 8,5 mil m² de área construída, a Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes foi construída em 2008, quando o arquiteto já estava com 101 anos, sendo este um de seus últimos trabalhos, mas nem por isso a obra deixa de conter os elementos que fazem parte da assinatura do arquiteto.
Marcado por uma torre mirante, que dá destaque à vista para o mar, o prédio tem três andares circulares e está situado sobre um espelho d’água, outra característica comum a muitas edificações de Niemeyer. O prédio faz função de museu e espaço de incentivo ao desenvolvimento de artes, ciência e educação, tornando-se um dos principais pontos turísticos de João Pessoa. A Estação Cabo Branco fica na Avenida João Cirilo Silva, s/n, Altiplano – João Pessoa (PB).