Arquitetura

Ainda sem valor da multa, estrutura para casamento de Maria Victoria será desmontada até terça

HAUS*
17/07/2017 15:21
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Acontece até terça-feira (18) a desmontagem da estrutura metálica que bloqueou visualmente prédio histórico da Sociedade Garibaldi para casamento da deputada estadual Maria Victoriano último dia 14. Fotos: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

A estrutura metálica montada ao redor do Palácio Garibaldi para o casamento da deputada estadual Maria Victoria Borghetti Barros (PP) e do advogado Diego Caetano da Silva Campos será totalmente removida até esta terça-feira (18), garante Cliceu Luis Bassetti, presidente em exercício da Sociedade Garibaldi, que é proprietária do palácio.
Tombado como patrimônio histórico do Paraná desde 1988, o prédio foi palco da polêmica, que culminou com intensos protestos e uma chuva de ovos e cerveja sobre os convidados na sexta-feira (14), por receber a intervenção sem autorização prévia da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná, bloqueando visualmente a construção e contrariando a Lei Estadual 1.211/53, que dispõe sobre patrimônio histórico, artístico e natural do estado.
A interferência vai render multa à Sociedade Garibaldi, como atesta ofício técnico do governo, obtido por HAUS com exclusividade no último dia 12. O valor ainda não foi estipulado. De acordo com a lei, a multa deverá ser de 50% do valor da estrutura. Os organizadores não divulgaram quanto custou a construção temporária para a festa.
De acordo com a assessoria de imprensa da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná, o valor da multa só será definido depois da remoção da estrutura e da vistoria, que ainda não tem data marcada.
No começo de julho uma grande estrutura de metal montada para o casamento de Maria Victoria em frente ao Palácio Garibaldi chamou a atenção dos curitibanos. Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo
No começo de julho uma grande estrutura de metal montada para o casamento de Maria Victoria em frente ao Palácio Garibaldi chamou a atenção dos curitibanos. Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo

Herança ítalo-brasileira no coração do centro histórico

Tombado pelo estado em 1988, o Palácio Garibaldi se destaca no centro histórico de Curitiba por mais de 100 anos como sede da comunidade italiana da cidade. O início da construção do palácio data de 1887, quatro anos após a fundação da sociedade.
O edifício de dois pavimentos foi projetado pelo engenheiro Ernesto Guaita, também agente consular da Itália no Brasil, e a fachada ficou por conta do arquiteto João de Mio, que ajudou a escrever a história da arquitetura sacra da cidade.
Assim como outras edificações históricas da capital, os traços arquitetônicos do palácio remetem à escola eclética, com destaque para as características neoclássicas da fachada, como os arcos e as janelas ornamentadas.
O objetivo das estruturas de metal é ampliar a capacidade de público do Palácio Garibaldi, que normalmente comporta 300 pessoas. Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo
O objetivo das estruturas de metal é ampliar a capacidade de público do Palácio Garibaldi, que normalmente comporta 300 pessoas. Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo

Protestos polêmicos

“Deputada do camburão tem casamento-ostentação”, trazia uma das faixas carregadas por manifestantes que cercaram a Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, onde foi feita a celebração religiosa do casamento da deputada.
Noivos e alguns convidados tiveram de se deslocar da igreja até o local da festa – uma distância de cem metros – em uma van que foi escoltada por policiais da Tropa de Choque. A polícia reforçava a região da festa desde o início da noite. Mesmo assim, cerca de 200 manifestantes acuaram familiares e amigos dos noivos, que deixaram a igreja sob vaias. Seguranças particulares do evento usaram guarda-chuvas para evitar que ovos e outros objetos jogados pelos manifestantes atingissem os convidados.
Os policiais, ao final da cerimônia, recolheram ovos que estavam com os manifestantes, mas eles, mesmo assim, voltaram a arremessar objetos contra quem cruzava a área. Os protestos, segundo a própria noiva, Maria Victoria, teriam sido motivados pela pré-candidatura da mãe da noiva  – a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti  – ao governo do estado. Em nota divulgada ainda no sábado, a deputada e seus pais também atribuíram a confusão a partidos de esquerda e sindicatos.
*Carolina Werneck e Luan Galani, especial para a Gazeta do Povo.

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