“A arquitetura deve ser vigorosa e reconfortante”, afirma vencedor do Pritzker 2023 David Chipperfield

Um prêmio merecido e tardio. Sir David Chipperfield, 69 anos, foi contemplado com o Prêmio Pritzker de Arquitetura, no último dia 7 de março. O arquiteto inglês que restaurou e reinventou a Procuratie Vecchie de Veneza (2022) e projetou a Simon Galerie de Berlim, a Royal Academy of Art em Londres e o Neues Museum de Berlim é aclamado pelo seu compromisso com uma arquitetura de presença cívica discreta, mas transformadora. Enquanto aguarda a cerimônia de entrega da medalha com a escrita "firmness, commodity, delight", em maio próximo, em Atenas, na Grécia, o arquiteto falou com exclusividade à HAUS sobre o prêmio e o legado de seu escritório em Londres.

Penso que minha abordagem em relação à arquitetura não deve ser definida por um estilo particular ou pela minha identidade visual, mas sim pela adequação da mesma ao ambiente e pela qualidade e experiência ao longo dos anos. No nosso escritório, temos muito cuidado para entender o contexto único e as oportunidades dos projetos, sempre buscando aprimorar o que existe, em vez de oferecer novidades ou excentricidades. Nossa abordagem se baseia na criação de um processo de design forte e colaborativo que desenvolvemos através da resposta a perguntas oportunas.

Em última análise, acho que a arquitetura deve ser vigorosa e reconfortante, proporcionando ambientes adequados para a vida quotidiana, aprimorando, e jamais se tornando o centro de todas as atenções. A arquitetura deve ficar em segundo plano. O que deve prevalecer é a qualidade de vida de quem dela desfruta.

O futuro da arquitetura e sua relevância social depende do seu próprio comprometimento em relação a estas questões. Para isso, devemos estabelecer um criterioso planejamento urbano e nos envolver profundamente com os processos de planejamento. Não devemos abordar a questão fundamental de nossos tempos por meio de projetos individuais, mas sim criando uma estrutura coerente que leve em consideração nossa contribuição coletiva.

É difícil quantificar meu legado ao número de projetos realizados mas gostaria que o trabalho do meu escritório de arquitetura fosse lembrado pelo processo colaborativo através do qual foi criado. Nossas experiências em obras como o Neues Museum e a Neue Nationalgalerie, em Berlim, foram particularmente especiais, pois ambos são edifícios com muita história e significado. Também tivemos a sorte de trabalhar em muitos lugares ao redor do mundo, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. Tenho muito orgulho de todas as ações da minha fundação sem fins lucrativos, a Fundación RIA, na Galícia, na Espanha, que contribui para definir estratégias de desenvolvimento sustentável.