Arquitetura

Conjunto habitacional com espelho d’água em comunidade de SP ganha prêmio de melhor projeto de 2018

Aléxia Saraiva
28/08/2018 19:56
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Parque Novo Santo Amaro V, assinado pelo escritório Vigliecca & Associados, foi o vencedor da edição co projeto que ressignificou uma área de risco. Foto: Leonardo Finotti | Leonardo Finotti Architectural P

Como descobrir os expoentes da arquitetura contemporânea brasileira em um mar de novos projetos que se destacam e surgem a cada dia? É com o objetivo de enaltecer as melhores construções que o Prêmio Tomie Ohtake AzkoNobel escolhe, anualmente, algumas estrelas — e que chegou à sua quinta em edição em 2018 com seis premiados.
Os inscritos não precisam ter sido inaugurados no último ano para concorrer: o recorte temporal do prêmio abrange os últimos dez anos, o que traz uma grande pluralidade de projetos à tona.
No último dia 23, o Instituto Tomie Ohtake, organizador do prêmio, revelou os vencedores do ano. Todos os finalistas e os premiados ficarão expostos no Instituto, em São Paulo, de 24 de agosto a 23 de setembro de 2018.
Confira quem levou os prêmios da 5ª edição!

1º lugar: Parque Novo Santo Amaro V

Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
Localizado na capital paulista, o Parque Novo Santo Amaro V consiste em um espaço de convivência que busca ressignificar uma região marcada por moradias precárias em uma área de risco. Com playground, pista de skate, campo de futebol — e ainda 200 unidades habitacionais com plantas diversas, espalhadas em prédios de cinco a sete andares — o parque buscou integrar essa região de vale com a área urbana. Ele conta com passarelas que permitem a travessia dos pedestres ao longo de sua área de quase 22 mil metros quadrados.
O projeto, assinado pelo escritório Vigliecca & Associados, levou um time de peso: Héctor Vigliecca, Luciene Quel, Neli Shimizu e Ronald Werner Fiedler. “Resumimos o trabalho nesta frase: construir a cidade. Tivemos um trabalho bastante grande para estudar a sua geografia e como a gente poderia se integrar a essa realidade. O parque é resultado de uma leitura, de uma interpretação do lugar para construir uma parte da cidade”, afirmou Vigliecca em entrevista à HAUS.
Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
Um dos pontos altos do projeto é se mostrar como uma área verde de resistência em meio ao bairro, com um espelho d’água que acompanha os desníveis do terreno. Ele foi criado para manter a identidade da comunidade, uma vez que o córrego que existia no local foi canalizado como uma solução para o saneamento básico. A obra foi realizada de 2009 a 2012 e fez parte do Programa Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê, realizado pela Prefeitura de São Paulo e pelo Consórcio Mananciais: Construbase + Engeform.
Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
Foto: divulgação/Vigliecca & Associados
“Para nós, saber que aqueles habitantes que moravam no vale com problemas terríveis de locomoção, de poluição no córrego, que hoje recebem um espaço em condições extraordinárias e que a comunidade reconhece isso é, para nós, o mais importante”, relata Vligiecca.

Confira os outros vencedores:

Hors-concours: Sesc 24 de Maio

Foto: Nelson Kon
Foto: Nelson Kon
A nomeação pelo Prêmio Tomie Ohtake AzkoNobel integra uma já grande lista de honrarias que o Sesc 24 de Maio, assinado por Paulo Mendes da Rocha e MMBB Arquitetos, está levando. Por se localizar no coração de São Paulo, toda a estrutura do prédio foi desenhada para dialogar com as construções ao seu redor, enaltecendo a arquitetura do próprio bairro com grandes janelas que mostram essa pluralidade a todo momento.
A edificação conta com 15 pavimentos e todas as funcionalidades de um Sesc: áreas reservadas a esportes, exposições, oficinas, gastronomia e convivência. Um dos destaque do projeto é a piscina no terraço, destinada aos sócios, em uma área batizada de “Praça do Sol”. O espaço foi inaugurado em 2017.
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2º lugar: Hostel Villa 25

Foto: Federico Cairoli
Foto: Federico Cairoli
O Hostel Villa 25 propõe a experiência de se hospedar em um clássico casarão da época do império brasileiro em pleno Rio de Janeiro. Com projeto do escritório C+P Arquitetura, assinado por Rodrigo Calvino e Diego Portas, o imóvel do século 19 foi inteiramente restaurado, mantendo estruturas de ferro maciço e paredes de alvenaria, mas trazendo intervenções modernas. Para aproveitar os fundos do terreno, os arquitetos criaram um novo prédio, que respeita o contexto do patrimônio histórico ao mesmo tempo em que aumenta o número de quartos disponíveis.

3º Lugar: Casa no Cerrado

Foto: Gabriel Castro
Foto: Gabriel Castro
Localizada na cidade mineira de Moeda, a Casa no Cerrado tem projeto assinado pelo escritório Vazio S/A. O projeto de 2015 tem 320m² e desenha uma casa para se integrar com o bioma do cerrado. Por isso, não leva projeto de paisagismo: ela se basta com a vegetação natural que existe ao seu redor. O destaque da casa é o jogo com forma e função: escadas e rampas vão além da sua utilidade e dão forma às linhas da fachada.

Menção Honrosa – Sustentabilidade: Vila Taguaí

Foto: Leonardo Finotti
Foto: Leonardo Finotti
Assinada pela arquiteta Cristina Xavier, a Vila Taguaí se localiza nos arredores de São Paulo, na cidade de Carapicuíba. Oito casas compõem o projeto residencial que tem como premissa ocupar áreas verdes da periferia. Além de preservar ao máximo a vegetação nativa, as moradias aproveitam a iluminação e a ventilação natural e aproveitam a energia solar para aquecer a água.

Menção Honrosa – Cor: Residência em Gonçalves

Foto: Cacá Bratke
Foto: Cacá Bratke
O respeito ao declive do terreno foi o ponto de partida para a Residência em Gonçalves (MG). A casa foi dividida em duas partes — uma de convivência e uma íntima — para evitar o deslocamento de terra. Outra solução foi sua forma arredondada, que se adapta às curvas de nível. No bloco de convivência, as janelas valorizam a paisagem. O projeto de 2013 é assinado pelo arquiteto André Vainer.

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