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Anuário Imobiliário 2022

De casas suspensas a segurança tecnológica: confira as tendências de moradia no setor imobiliário

Monique Ryba Portela
10/06/2022 19:29
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Segurança, abrigo, aconchego, conforto. Se estes adjetivos são, há muito, consenso para definir o ideal de lar, o que se espera na prática em termos de moradia muda de acordo com o tempo e espaço em que estamos inseridos. O que nos atendia há alguns anos, hoje pode não ser suficiente. O que era acessório, agora pode ser indispensável. Por isso, ano após ano, a questão se renova: o que esperamos do nosso lar?
Após um grande tempo de reclusão, durante a pandemia, é natural que as expectativas em relação às moradas tenham mudado. O desejo por espaços mais amplos, com mais áreas externas e que possam atender às diversas necessidades dos seus moradores, do lazer ao home office, foi intensificado. O ano de 2021 foi marcado pelo crescimento expressivo do mercado imobiliário brasileiro, e esses anseios refletiram na busca dos novos imóveis.
“Com a necessidade de ficar mais tempo dentro do lar, houve uma reavaliação do espaço e da usabilidade das residências. Esse foi o grande catalisador para grande parcela das vendas de imóveis e do aumento expressivo na procura por móveis planejados, por exemplo, nos últimos dois anos”, avalia Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica. Residências que conectam os moradores com espaços ao ar livre são alguns dos produtos imobiliários mais procurados, de acordo com ele. “Uma das tendências do novo morar são empreendimentos que prezam pela sua composição paisagística e por uma arquitetura biofílica”, afirma.
Para André Marin, diretor de incorporação na Construtora Laguna, a relação mais próxima com a casa fez com que as pessoas prestassem especial atenção naquilo que elas atribuem mais valor. “Muitas pessoas entenderam que não tinham dentro dos lares o que mais prezam, como uma cozinha completa, um quarto mais silencioso, conforto térmico ou acústico. Isso fez com que muitos começassem a procurar essa maior satisfação em outros empreendimentos”, diz Marin.
“A tendência agora é que as pessoas procurem muito conforto e bem-estar dentro do lar. E o conforto em diversos aspectos, desde o físico até o mental”, pontua André Marin, diretor de incorporação na Construtora Laguna. 
Os desejos para o morar que surgem neste momento de efervescentes transformações sociais influenciam diretamente a configuração dos novos empreendimentos imobiliários. Confira a seguir algumas das principais tendências no setor.

Casas suspensas

Viver em um prédio, mas se sentir morando em uma casa. Esse é o desejo de quem busca as chamadas casas suspensas: apartamentos onde a prioridade são plantas integradas e generosas, grandes varandas, áreas de lazer, iluminação natural, terraços e jardins. Uma das principais vantagens desse tipo de imóvel é poder desfrutar do conforto das casas — que muitas vezes se concentram em bairros residenciais mais afastados — em imóveis totalmente conectados com a cidade, mas com a atmosfera de um refúgio urbano.

Condomínio completo

Passando mais tempo em casa, as pessoas também passaram a valorizar mais as áreas de lazer e serviços a poucos passos de distância, dentro dos próprios condomínios. Além de espaços compartilhados, como academia, piscina, espaço pet e espaço gourmet para eventos, é cada vez mais comum trazer serviços para dentro dos condomínios. Entre as novidades, entram desde pequenos mercados para compras básicas do dia a dia até a contratação de um personal trainer para os condôminos.

Casa-escritório

O modelo de trabalho remoto ou híbrido veio para ficar em muitas empresas. Para quem trabalha em casa, ter um espaço de trabalho confortável e prático é um item fundamental em um imóvel. Mas não é necessário haver um cômodo exclusivo para o escritório: em muitos empreendimentos é possível encontrar plantas que integram a área de home office a um quarto ou sala, por exemplo, o que ressalta a importância da multifuncionalidade das novas residências.

Sustentabilidade

Um levantamento realizado no ano passado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Brain Inteligência Estratégica apontou que 56% dos entrevistados estariam dispostos a pagar mais por um imóvel com tecnologia verde. Em Curitiba, após um longo período de restrição hídrica, os aspectos de sustentabilidade foram ainda mais potencializados na escolha dos produtos imobiliários, de acordo com Werner. Soluções como sistemas de reúso de água de chuva e painéis fotovoltaicos, além de certificações de sustentabilidade do empreendimento, passam a ser grandes diferenciais na hora da compra.

Qualidade de vida

A casa tem sido vista por cada vez mais pessoas como um verdadeiro templo do bem-estar. O desejo por um lar confortável, que garanta a qualidade de vida dos moradores, se aproxima do que os dinamarqueses chamam de hygge. Sem tradução exata, o termo significa a apreciação pelo conforto e bem-estar — inclusive na arquitetura. Elementos como iluminação, proximidade com a natureza — mesmo que por meio de plantas dentro dos ambientes — e decoração são alguns dos fatores que auxiliam na busca desse ambiente.

Segurança com tecnologia

É possível garantir a segurança dos empreendimentos sem cercá-los de grandes muros que os transformem em fortalezas em meio à cidade — até porque esse tipo de construção pode trazer ainda mais insegurança para a cidade. Edifícios que permitem a interação com as pessoas e com o espaço público ao seu redor geram ruas mais vivas, e por consequência menos propensas à criminalidade. Uma das maneiras de garantir a segurança dos moradores sem recorrer à chamada “arquitetura hostil” é com o uso de tecnologias como sensores de barreiras, soluções de vigilância por vídeo e sistemas de controle de acesso.