O preço médio do metro quadrado privativo dos imóveis novos em Curitiba saltou de R$ 5.977,00 para os atuais R$ 12.976,00 nos últimos dez anos. Ou seja, analisando a retrospectiva histórica, o comprador teve que desembolsar o dobro de recursos para comprar o mesmo apartamento em 2024, se comparado a 2014.

Os dados são da Brain Inteligência Estratégica e a referência é agosto. De acordo com o sócio-fundador da empresa de consultoria, Marcos Kahtalian, a alta da inflação durante a pandemia do coronavírus foi o principal fator, entre um conjunto de eventos, que levou a esse aumento.

Aliás, vale lembrar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano de 2020 acima dos 10%. “Isso impactou e continua impactando o preço dos imóveis novos em Curitiba’, comenta.

No período, os materiais tiveram uma escalada de preços, o que fez com que muitas construtoras e incorporadoras voltassem para a prancheta para equalizar a relação entre despesas e receitas. Entretanto, hoje, a mão de obra é que tem pressionado os custos. “A tendência é de que essa situação se mantenha”, prevê o especialista.

Porém, não é só isso. Segundo Kahtalian, assim como o crescimento dos custos de construção, o aumento do valor de venda dos terrenos entra nessa conta. “Nos últimos dez anos, cada vez menos a cidade consegue produzir habitações econômicas, migrando para os padrões médio, alto e luxo. Isso, naturalmente, gera um incremento no preço do metro quadrado”, explica.

Analisando a valorização dos imóveis novos em Curitiba no período, é possível estimar que, até agora, quem comprou um apartamento em 2014, teve um retorno médio do investimento da ordem de 11,7% ao ano, ou seja, muito próximo de 1% ao mês.

Essa foi a variação do preço médio do metro quadrado privativo de 2014 a 2024, considerando o mês de agosto como referência: 117%. A alta foi superior à inflação oficial registrada no período, que ficou em 77%.

“O imóvel vem se valorizando em termos reais”, destaca Kahtalian. Aliás, em termos de valorização, dois segmentos se destacam nessa linha do tempo, segundo o especialista: os imóveis compactos e de luxo.

Conforme a pesquisa da Brain, os studios e apartamentos de um quarto classificam-se como imóveis compactos. Já os apartamentos com preço a partir de R$ 1,5 milhão entram na categoria de luxo.

O especialista comenta que, nesse ano, o mercado imobiliário brasileiro deve ter o segundo melhor desempenho da história, mesmo num cenário de alta dos juros e da inflação.