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Projeção de crescimento da construção civil sobe para 3,5%; taxa de juros e restrição de crédito preocupam
O mercado da construção civil vive um momento de aquecimento ao mesmo tempo em que enfrenta questões que, se não controladas, podem impactar o avanço da escalada que vem sendo registrada em 2024. A conclusão é da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que revisou na última segunda-feira (28) a projeção de crescimento do ano para o setor elevando o índice de 3% para 3,5%. A estimativa supera, inclusive, as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, que está na casa dos 3,05%, segundo o relatório Focus, emitido pelo Banco Central.
Essa foi a segunda revisão positiva da projeção da CBIC para 2024. A primeira aconteceu em julho, quando o porcentual de crescimento projetado passou de 2,3% para 3%, estimulado pelos bons resultados dos primeiros meses do ano, em especial os do segundo trimestre.
Os mesmos bons resultados motivaram a nova revisão e incluem o desempenho do segmento imobiliário, especialmente o de padrão econômico, que cresceu 5,7% em número de lançamentos e 15,24% nas vendas no primeiro semestre de 2024, o aquecimento do mercado de trabalho e a expectativa de crescimento mais robusto da economia do país nesse e no próximo ano.
"O setor vem em um ciclo virtuoso de crescimento. O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantém expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses. Diante desses fatores, é possível que o crescimento supere o inicialmente previsto", afirma o presidente da CBIC, Renato Correia.
Desafios para o crescimento
Apesar do cenário de otimismo, a entidade alerta para obstáculos a serem vencidos para a manutenção do ritmo de escalada do setor. Entre eles, estão a elevação das taxas de juros e a disponibilidade e facilidade de obtenção de crédito imobiliário. A partir do próximo dia 1º de novembro, por exemplo, a Caixa Econômica Federal (CEF) colocará em vigor novas regras para a concessão do crédito, exigindo maiores valores de entrada dos clientes. Na tabela SAC, eles sobem dos atuais 20% para 30% do valor do bem. Já na tabela Price, a entrada passará de 30% para 50% sobre o valor do imóvel.
"Esses fatores podem influenciar o resultado da construção nos próximos meses e provocar um desempenho abaixo do esperado, mesmo diante dos atuais indicadores positivos. O cenário futuro está marcado por incertezas, o que pode comprometer os resultados no final de 2024 e também início de 2025", alerta Correia.
A escassez de mão obra qualificada e a elevação nos custos gerais da construção, que pressionam as margens de lucro das empresas, também são listados entre os entraves para a manutenção do crescimento do setor. Nos últimos 12 meses até setembro, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) apresentou elevação de 5,48%, 1,06% superior ao da inflação do período (4,42%).
"Isso vai gerar um repasse a preço e a valorização do imóvel, o que acaba elevando o valor do patrimônio de todos, pois quando sobe [o valor do] novo, sobe o do usado também. Mas, quem vai adquirir a casa própria, vai encontrar preços crescentes na medida em que os custos estão pressionando as margens", acrescenta Correia.