Entrevista
HAUS Imobi
MRV celebra 25 anos de Paraná e meio milhão de chaves entregues
Em entrevista exclusiva, presidente da MRV comenta sobre os desafios para o futuro da empresa | Gabriel Araújo
Há 25 anos, a MRV deu início à sua trajetória no Paraná. Desde então, construiu uma história marcada pelo compromisso com o acesso à habitação, entregando milhares de unidades em diversas regiões do estado.
Neste ano, quando celebra suas “Bodas de Prata” com o Paraná, a MRV mantém ritmo sólido de expansão, com o lançamento de pelo menos seis novos empreendimentos no estado que, juntos, somam 1.852 apartamentos - até o fechamento desta entrevista, havia a previsão de um sétimo lançamento.
Essa trajetória local reflete o impacto nacional da construtora, maior da América Latina, que atingiu o marco de meio milhão de chaves entregues no Brasil, em mais de 100 cidades.
Em entrevista exclusiva para a HAUS Imobi, Eduardo Fischer, presidente da MRV, relembra os principais marcos dessa trajetória e comenta as mudanças no perfil do consumidor e seus impactos no mercado imobiliário. Fala também sobre o investimento constante em soluções tecnológicas e sustentáveis para garantir que a moradia do futuro seja acessível, conectada e preparada para os desafios das próximas gerações. Confira!
O foco no público de menor renda foi o diferencial e a alavanca da MRV nessas mais de quatro décadas, e a empresa evoluiu e se transformou nesse período. Quais foram os principais marcos ou pontos de virada?
Sem dúvida, o maior marco na história da MRV foi a abertura de capital, quando a companhia ingressou no Novo Mercado, o mais elevado nível de governança corporativa da bolsa brasileira. De empresa familiar, a MRV se transformou em um dos maiores players do mercado de construção civil na América Latina. Ganhou musculatura e, capitalizada, focou sua expertise na diversificação geográfica. Na época, a MRV estava presente em cerca de 30 cidades e, em um curto espaço de tempo, a empresa chegou a mais de 100 cidades, em todas as regiões do país.
A busca pela eficiência e a longevidade do negócio também foram acompanhadas pela preocupação com a sustentabilidade. A MRV faz parte da carteira ISE (Índice de Sustentabilidade) da B3 – mais alto nível de sustentabilidade conferido às empresas, credencial conquistada em 2017 e mantida até os dias de hoje. O processo de "construção industrializada" também foi muito relevante para o crescimento da MRV. Esse processo garantiu que a construtora entregasse mais de 500 mil chaves ao longo de sua história. Mais de 1,5 milhão de brasileiros vivem em um imóvel construído pela MRV, o que equivale a uma cidade com a população do Recife.
E no seu público-alvo, quais foram as transformações notadas nesse período? Como a empresa respondeu a elas?
EF: Nos últimos anos, observamos mudanças significativas no perfil do nosso público-alvo. Atualmente, a maioria dos nossos clientes tem, em média, 28 anos, o que reflete um novo perfil de jovens adultos no mercado imobiliário. No entanto, estamos atentos às transformações nas preferências de consumo das gerações mais novas. Hoje, por exemplo, jovens de 15 anos podem ter expectativas e prioridades diferentes quando atingirem a idade de adquirir um imóvel. Para atender às novas demandas do mercado, estamos investindo em pesquisas e estudos de comportamento, o que nos permite adaptar nossas soluções e oferecer produtos que acompanhem essas novas tendências de consumo.
A inovação é uma constante na história da MRV, que foi uma das primeiras empresas a oferecer empreendimentos populares com áreas de lazer e paisagismo, por exemplo. O que motiva o investimento nesse tipo de iniciativa, mais comum a outras fatias do mercado que não a da habitação popular?
O cliente é a razão de ser da MRV e a empresa vem evoluindo sempre nas entregas dos seus produtos, com empreendimentos pensados para garantir segurança e qualidade de vida aos moradores. Os itens de lazer nos empreendimentos, principalmente aqueles voltados para o público de [perfil] econômico, eram muito tímidos. Um dos fatores que estimulou a ascensão desses itens nos edifícios foi a mudança do estilo de vida da população. O público interessado em se divertir, relaxar ou se exercitar sem precisar sair de casa, cercado de comodidade e privacidade. Para suprir essa demanda, a MRV passou a ampliar a quantidade de itens de lazer. Outra entrega é para as comunidades, com investimentos robustos em obras de infraestrutura, plantio de árvores e paisagismo, garantindo mais qualidade de vida também para os moradores que vivem próximos aos residenciais da empresa.
Seguindo na pauta da inovação, pode comentar sobre a motivação para o lançamento do Cidade Sete Sóis, em São Paulo, e o investimento no conceito de condomínios inteligentes?
A MRV tem um compromisso com o futuro, lançando projetos inovadores que integram conectividade, mobilidade e sustentabilidade, oferecendo uma experiência de morar que atende às necessidades do mundo moderno e preparando nossas cidades para as próximas gerações. O lançamento do Cidade Sete Sóis reflete nossa visão do morar, mas inovadora e sustentável. A forma como vivemos está mudando, impulsionada pela urbanização acelerada e pela crescente demanda por comunidades inteligentes e sustentáveis. De acordo com a ONU, até 2050, mais de 68% da população mundial viverá em áreas urbanas, destacando a importância de tecnologias e soluções que otimizem recursos, melhorem a qualidade de vida e minimizem os impactos ambientais.
Há planos de lançamentos deste modelo de produto em outros estados, especialmente no Paraná?
Ainda não temos esse planejamento para o Paraná, mas já temos um grande exemplo de bairro planejado lançado em Londrina: o Acquaville, que se consolidou como o maior empreendimento da MRV na região Sul. A região da Avenida dos Pioneiros, berço da cidade de Londrina, tem sido revitalizada desde a chegada do empreendimento, que ocupa área de 460 mil m² e abriga em torno de 8.500 moradores, nas cerca de 3.200 unidades já entregues. Ao final das quatro fases do empreendimento, serão 4.904 apartamentos nesse complexo. O bairro planejado é um conceito inovador, que garante segurança, qualidade de vida e valorização do imóvel.
Quais são os principais desafios que se colocam para a oferta de moradia de perfil popular - e sua consequente contribuição para a redução do déficit habitacional - nas grandes cidades e capitais, nas quais o que comumente se vê é um mercado aquecido, mas voltado às classes A e B?
O principal desafio para a oferta de moradia de perfil popular nas grandes cidades e capitais é a conciliação entre o custo elevado do solo urbano e a necessidade de oferecer habitação acessível e de qualidade. Além disso, infraestrutura urbana de qualidade, mobilidade e acesso a serviços essenciais precisam estar integrados a esses projetos.
Na MRV, trabalhamos para enfrentar esses desafios por meio de soluções inovadoras, como a verticalização inteligente, o uso eficiente de terrenos e a adoção de tecnologias que reduzem custos e aumentam a sustentabilidade das construções. Nosso compromisso é garantir que mais pessoas possam ter acesso à moradia digna, mesmo nas regiões de maior demanda urbana, sem abrir mão da qualidade e da sustentabilidade.
A responsabilidade social e ambiental sempre esteve presente na atuação e nos projetos desenvolvidos pela MRV. Pode comentar sobre os novos desafios e possibilidades que se colocam nesse sentido, do ponto de vista estratégico da empresa, mas também a partir de uma visão macro de mercado?
O investimento em inovação, para a MRV&CO, representa a dedicação para promover um negócio digital, interconectado, resiliente e capaz de dialogar com o mercado e o ecossistema de inovação. Nossos principais estudos de inovação acontecem no sentido de construir alianças com startups e centros de pesquisa, estudar melhorias aplicadas ao nosso core business, incentivar a cultura de inovação no time e entre nossos parceiros e acelerar a transformação digital do negócio.
O mercado como um todo, incluindo o imobiliário, vive uma onda tecnológica com o avanço da inteligência artificial e de outras tecnologias. Você já disse em entrevistas que, apesar disso, considera que a grande inovação no setor será comportamental. Pode recuperar e aprofundar esse ponto de vista? Como os projetos da MRV estão respondendo a este cenário?
A inovação está vinculada ao que as pessoas acreditam, à maneira que elas enxergam e agem para resolver problemas. O comportamento vem antes da tecnologia, da ferramenta, do software, do hardware. Na MRV, a nossa cultura é estar preparado para mudanças, mas com olhar também para as necessidades e desejos das pessoas.
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