Até ano passado, 2023, um dos temais mais debatidos em qualquer setor da economia foi a inteligência artificial. A popularização do uso do ChatGPT foi o grande porta-voz dessas discussões e impulsionou incontáveis matérias a respeito do futuro dessas ferramentas. O mercado imobiliário não foi diferente, o ânimo com a nova fase da tecnologia (que não é exatamente uma novidade), fez com que os entusiastas adotassem algo de IA no seu dia a dia profissional, e os resultados podem ser promissores. 

Segundo pesquisa realizada em 2023 pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e produzida pela Brain Inteligência Estratégica, revelou que 19% das empresas do setor de imóveis já utilizaram alguma ferramenta de inteligência artificial. Ainda, que 83% consideram positivo o avanço desse tipo de ferramenta nos negócios.

Pensando nisso, HAUS Imobi preparou um compilado com algumas aplicações de inteligência artificial que já estão impactando na prática o mercado imobiliário norte-americano, mercado este que costuma ser modelo e ditar as tendências tecnológicas do setor no mundo inteiro.  

Começando pelo básico, e por um item onde já temos novidades inclusive no Brasil, a busca inteligente em websites e portais de imóveis aumentará cada vez mais a distância daqueles que adotam a tecnologia (e vendem mais) em relação aos que resistirem à IA. Uma mudança importante no comportamento de consumo das pessoas com a IA é a resposta cada vez mais assertiva, automatizada e integrada de buscas durante o processo de compra de algo, e o imóvel não está fora disso. Assim, sites e portais que continuem a contar apenas com a boa vontade do cliente em ajustar filtros de busca durante a pesquisa por um imóvel, estarão comprometidos comercialmente.  

No Brasil, recentemente, a imobiliária Coelho da Fonseca, com sede em São Paulo, anunciou alto investimento na capacitação de seu website justamente para oferecer a seus clientes uma busca mais inteligente e assertiva. Já no campo dos dados imobiliários, sistemas como o da startup Isket, originada em Curitiba, auxiliam no processo de busca de propriedades e avaliações por parte do corretor de imóveis (e das imobiliárias), sem que haja necessidade de alto investimento. Neste campo, o avanço do setor nos Estados Unidos é enorme e mais bem consolidado, são diversas as boas referências, como o Trulia, por exemplo. 

Para começar a falar das referências norte-americanas, uma das ferramentas mais interessantes é a desenvolvida pela Hyro, de Nova York, e que vem sendo utilizada com bons frutos pelo mercado imobiliário. A ferramenta é uma evolução significativa do chatbot. Ela cria uma interface de comunicação por voz para atender os clientes sempre que o corretor não estiver disponível, sendo capaz de ajudar quem estiver na busca pelo imóvel em tempo real, agendar visitas, além da captação básica de leads no site. A ferramenta não substitui o trabalho de um corretor, uma vez que se propõe a melhorar a parte da pesquisa que é realizada pelo próprio cliente, sem deixar de atendê-lo a qualquer hora e em qualquer dia. 

A Rex, de Austin – Texas, detentora de múltiplas tecnologias voltadas para o mercado imobiliário, oferece nos Estados Unidos o JobCall, um assistente da inteligência artificial que otimiza a comunicação entre as equipes de manutenção de imóveis locados e os inquilinos. A ferramenta é capaz de usar reconhecimento de fala ou escrita (originada na demanda de um locatário) para o processamento dos dados e possível abertura de chamados de manutenção, com alerta e controle automatizado de equipes internas ou terceirizadas, e classificação por prioridade. Vários fatores são analisados e cruzados em poucos segundos, incluindo grau de urgência, disponibilidade de equipes, localização do imóvel, tipo da propriedade, para que a resposta da imobiliária seja mais eficiente. 

O avanço na facilitação do processo de compra do imóvel, no que toca o perfil financeiro do cliente, vem de empresas como a Quantarium e a Divvy, ambas dos Estados Unidos. O sistema de cadastro dessas ferramentas aplica IA para responder dinamicamente ao perfil financeiro compartilhado pelo cliente, traçando um modelo prático que pode ser usado como guia de busca de um imóvel (adequando a pesquisa do cliente com sua realidade de poder de compra). Isso representa ganho de competitividade, uma vez que as propriedades que estão fora da capacidade do cliente são descartadas antes mesmo de serem analisadas junto ao banco. 

Estas são apenas algumas ferramentas de destaque daquilo que já é realidade no setor imobiliário, em termos de inteligência artificial. Sabemos que o mercado nacional tem suas particularidades, e que o conjunto de ferramentas brasileiras de IA pode ser tão criativo quanto o americano. O ano de 2024 é promissor neste sentido, portanto, é preciso continuar atento para não ficar pra trás.