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“Não dá para fazer negócios sem olhar para a sustentabilidade e o meio ambiente”, defende diretor da Construtora Laguna

Maria Emilia Staczuk
30/10/2024 08:00
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Para André Marin, diretor de incorporação da empresa, a sustentabilidade é um caminho sem volta para o mercado imobiliário | Letícia Moreira

A Construtora Laguna, em Curitiba (PR), está na vanguarda do movimento de sustentabilidade no mercado imobiliário, no Brasil e no mundo. A empresa, que atua no setor de imóveis de luxo, conquistou todas as principais certificações internacionais. Além disso, tem o edifício com a maior pontuação LEED (certificação voltada para a eficiência) no mundo: a Galeria Laguna, no Batel.
Na última quinta-feira (24/10), seu edifício Pinah tornou-se o primeiro residencial WELL da América Latina. Conferido pelo IWBI (em inglês, International WELL Building Institute), o selo atesta o mais alto nível de saúde, conforto e bem-estar oferecido aos moradores, em nível internacional. O diretor de incorporação da Laguna, André Marin, fala sobre a importância da sustentabilidade na cultura e nos imóveis da empresa e como ela está mudando a forma de construir, dentro e fora do país.

Brand Imobi: Falando de panorama geral, como você avalia esse movimento das construções verdes no Brasil, principalmente, no segmento residencial?

André Marin: Eu avalio de forma positiva. Nós percebemos que o mercado de construção, que é bastante tradicional, tem olhado para esse tema. O número de construções sustentáveis ainda é pequeno, comparando com o mercado como um todo, mas a preocupação das empresas e do próprio consumidor está aumentando. Especificamente na região Sul do Brasil, há um crescimento das construções sustentáveis em patamar superior ao de outros locais do país. Ainda é o início, há muito a se explorar. Vamos ter que avançar bastante, mas estamos no caminho certo.

BI: Na sua opinião, quais os desafios para a construção civil avançar nesse tema da sustentabilidade?

AM: Um dos desafios é que a sustentabilidade é um tema muito amplo. Qual caminho seguir? Quais práticas sustentáveis aplicar no empreendimento? O que gera valor para o meio ambiente, mas também para o consumidor? Esse ainda é o maior desafio: identificar o que de fato é relevante.
Essa amplitude também acaba confundindo o consumidor. Por isso, nós, como mercado e, no nosso caso, como pioneiros, temos a oportunidade de comunicar melhor. Esse é o grande desafio: o que, de fato, eu vou fazer que gera relevância tanto para o meio ambiente, quanto para as pessoas. Nós, aqui na Construtora Laguna, estamos nesse caminho.

BI: A Construtora Laguna é pioneira no movimento de green building no Brasil e uma referência para o mundo. Muito mais do que as certificações, por que a empresa decidiu investir nesse tema da sustentabilidade?

AM: Há 20 anos, quando a Construtora Laguna fez o seu primeiro hotel em Curitiba, o Ibis, da Avenida Comendador Araújo, nós tivemos contato com uma marca francesa que já pensava em sustentabilidade. Ou seja, naquela época, o hotel já tinha práticas sustentáveis.
Então, isso veio muito do posicionamento dos fundadores, dos sócios e da família, de pensar que esse é um caminho que a gente tem que trilhar. Não dá para fazer negócios sem olhar para a sustentabilidade e o meio ambiente. Nós estamos aqui de passagem e temos que deixar um meio ambiente cada vez melhor.
A construção civil gera impactos, que podem ser positivos ou negativos, e nós tentamos deixar o mais positivo possível. Essa é uma ideia bem clara que nós temos aqui na empresa. A sustentabilidade é um caminho sem volta.

BI: Vocês têm a sustentabilidade no DNA da empresa. Como esse tema está incorporado na cultura e nos processos internos?

AM: Quando você tem um valor e o pratica, acaba atraindo pessoas que se identificam com essa causa, umas motivam as outras e isso acaba se transformando em um propósito. Hoje, toda a vez que a gente olha para os nossos projetos, já pensa na sustentabilidade desde o início, já está no DNA de quem vai comprar o terreno, de quem vai desenvolver o projeto.
Os diretores do IWBI, Prateek Khanna e Janera Soerel (sentados) entregam o selo WELL aos diretores da Construtora Laguna, Gabriel Raad e André Marin (em pé) | Foto: Letícia Moreira
Os diretores do IWBI, Prateek Khanna e Janera Soerel (sentados) entregam o selo WELL aos diretores da Construtora Laguna, Gabriel Raad e André Marin (em pé) | Foto: Letícia Moreira

BI: Construir melhor, ou seja, com mais eficiência, saúde, conforto e bem-estar traz quais vantagens competitivas para o negócio?

AM: O consumidor está muito antenado sobre isso. Hoje, ele compra uma marca, não apenas um imóvel, por conta do posicionamento da empresa. Isso traz um benefício enorme para o negócio. A sustentabilidade, a inovação e o pioneirismo geram diferenciação. E esse diferencial é comprovado na experiência do cliente. Não apenas na comunicação, mas no uso. Ao mesmo tempo, motiva a empresa a querer sempre fazer algo diferente. A sustentabilidade une dois fatores importantes para o negócio, que é a vantagem competitiva, ou seja, criar diferenciação, e o engajamento das pessoas.

BI: Essa diferenciação tem impacto nos indicadores comerciais, como velocidade de vendas ou ticket médio do imóvel negociado, por exemplo?

AM: Os nossos imóveis têm vários atributos, como localização, planta, arquitetura e, um deles, muito forte, é a sustentabilidade. A gente vê que consegue ter uma precificação acima da média do mercado. Mas nós nunca quisemos usar a sustentabilidade para nos diferenciar por preço, mas sim pela qualidade da entrega. Agregar valor ao preço é uma consequência. Se nós entregarmos um imóvel e o cliente tiver uma experiência boa, é isso que vale. A longo prazo, é essa experiência do cliente que vai gerar valor.

BI: O consumidor reconhece esse valor agregado que a sustentabilidade traz para o imóvel?

AM: Novamente, como o tema é amplo, o cliente ainda tem muitas dúvidas sobre o assunto. Ser inovador traz esse desafio de como você comunica algo que é novo. A gente entende que tem essa responsabilidade, como empresa, de melhorar essa comunicação com o cliente para que ele entenda melhor o que está comprando. É mais do que vender um imóvel, é liderar um movimento.

BI: Muito se fala em greenwashing, ou seja, vender o conceito de sustentabilidade sem implementá-lo de fato. Como combater ações como essa?

AM: Esse é um tema bem complexo. Primeiro, as empresas têm que estar atentas para não cair nessa prática. Em segundo, o comprador comparar um pouco mais, ir mais a fundo, perguntar sobre o papel da sustentabilidade para aquela empresa, os benefícios que ele vai ter ao comprar um imóvel sustentável. Se aprofundar um pouco mais para entender como aquilo vai fazer sentido para sua vida, bem como para o meio ambiente e o seu entorno.

BI: A Construtora Laguna conquistou todas as principais certificações de sustentabilidade. E, agora, qual o próximo passo?

AM: É que eu me pergunto todos os dias (risos). O propósito sempre é o mesmo, tornar as cidades mais belas e melhores para se viver. Qual o próximo passo? Informar mais o cliente sobre isso, sobre o que a gente faz. É deixar mais didático e acessível. Nós sempre vamos buscar entregar um imóvel melhor para nosso cliente e para a sociedade, pode ser através de uma certificação de sustentabilidade nova, ou um atributo novo, como serviços. Essa é a nossa preocupação.